sexta-feira, 4 de março de 2011

Mortos há 15 anos, Mamonas Assassinas serão lembrados em filmes, na Sapucaí e por gravadora

RIO - Há 15 anos, no dia 2 de março de 1996, um terrível acidente aéreo pôs fim à meteórica carreira dos Mamonas Assassinas, banda que misturava com muito bom humor o rock, o punk e gêneros populares. Do lançamento do primeiro e único disco até o dia do acidente, a trajetória do vocalista Dinho, do guitarrista Bento Hinoto, do tecladista Júlio Rasec, do baixista Samuel Reoli e do baterista Sérgio Reoli pela fama durou pouco mais de nove meses, tempo suficiente para emplacaram quase todas as suas músicas nas paradas de sucessos, entre elas "Pelados em Santos", "Robocop Gay", "Sabão crá-crá" e "Vira-vira". E essa história será contada no cinema, no documentário "Mamonas pra sempre", do diretor Claudio Kahns, que será lançado no dia 27 de maio. Kahns também é produtor de um outro filme, este de ficção, ainda no papel, sobre a banda. Além disso, os Mamonas são enredo da Inocentes de Belford Roxo, que desfila este sábado no Grupo de Acesso A, e objeto de projetos especiais, ainda sigilosos, da gravadora EMI.

O documentário de Kahns é o primeiro filme oficial sobre a banda que vendeu mais de três milhões de cópias do seu único disco e arrastou mais de dois milhões de espectadores aos 300 shows que teve a oportunidade de fazer. Para se ter uma ideia da popularidade dos Mamonas: eles têm hoje outros dois milhões de fãs nas redes sociais, instrumento que não existia na época em que viveram, e sua música "Pelados em Santos" é lembrada no esquenta da bateria da Mangueira na Avenida, tendo ganhado versões nos estádios de torcidas como a do Flamengo e do Internacional de Porto Alegre.

- A repercussão do documentário foi muito bacana em lugares distintos como Tiradentes, Paulínia, Belo Horizonte. Aí, percebi, pela emoção das pessoas de todas as idades, o porquê de eles terem marcado uma época, sobretudo para quem era criança e adolescente e hoje está na faixa dos 25, 30 anos. E eles têm muitos fãs que nem nascidos eram. Viraram cult mesmo - nota o diretor.

Kahns lembra que a ideia inicial era fazer o longa de ficção "Mamonas, de muvi", que ele pretende produzir ainda este ano:

- O documentário surgiu por acaso. Filmamos as entrevistas que fizemos durante a pesquisa para a elaboração do roteiro e, olhando o material, achei divertido, interessante. E esse foi o ponto de partida para fazermos o roteiro e sairmos em busca do material de arquivo. E conseguimos boas imagens, porque eles tinham o hábito de se filmar o tempo inteiro.

Já a homenagem da escola de Belford Roxo, que no ano passado ficou em segundo lugar e por muito pouco não subiu para o Grupo Especial, vai lembrar a trajetória desde os tempos em que os músicos ainda buscavam o sucesso com a banda Utopia até a adoração que despertam ainda hoje. O carnavalesco Cristiano Bara já causa polêmica ao vestir a sua bateria de Robocop Gay e ao citar em uma das alas, de forma sutil, a morte dos rapazes.

- Eles eram meninos sonhadores, que saíram do povo para a glória e, por isso, falavam e entendiam como ninguém a sua linguagem. Por isso eram tão amados. E foi por isso também que na época muita gente torceu o nariz. Mas suas músicas, se por um lado eram engraçadas, por outro também eram críticas ao seu cotidiano e ao cotidiano do nosso povo - diz Bara.

Na Avenida, várias passagens serão lembradas, como a gravação do primeiro disco, suas fantasias de Chapolin, Batman, Robin, presidiários, o sucesso nacional e, claro, suas canções e personagens. Em um dos carros, o da Brasília amarela, referência à música "Pelados em Santos", virão o alemão de "Lá vem o alemão", o Jumento Celestino, o Cabeça de bagre e outros.

- No princípio eu enfrentei muita resistência com o enredo, porque diziam que a vida deles tinha sido curta, que cairia num vazio. Depois, os ritmistas fizeram cara feia por causa da minha ideia de pegar a ala mais masculina da escola e vesti-la de Robocop Gay, para falar do preconceito. E também não queriam que eu lembrasse o terrível acidente aéreo, mas através dele eu pude falar da eternidade de suas canções e do carinho que até hoje despertam nas pessoas - conta o carnavalesco.

O Globo

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