sábado, 9 de abril de 2011

E sobraram 66 balas. Wellington disparou mais de 60 vezes contra os estudantes na escola

Segundo a polícia, Wellington disparou mais de 60 vezes contra os estudantes na escola

foto: Paulo Carvalho/O Globo

Entre o material recolhido pela  perícia na escola estavam 62 cápsulas deflagradas


O assassino que matou 12 crianças e feriu outras 12 na quinta-feira na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, recarregou o seu revólver 38 pelo menos nove vezes durante a chacina. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, disparou mais de 60 vezes contra os estudantes. E, segundos os peritos, o atirador tinha ainda 66 munições para serem deflagradas quando foi alcançado pelo sargento Márcio Alves.


A perícia da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil recolheu 62 cápsulas deflagradas e oito speed loaders - equipamento utilizado para recarregar a arma. "Segundo os depoimentos, ele usava as duas armas ao mesmo tempo", disse o delegado da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore.

A perícia e os policiais também apresentaram um revólver 32, um canivete e um cinturão com 13 compartimentos para transporte dos speed loaders. A maior parte do equipamento estava manchada de sangue. De acordo com o delegado Felipe Ettore, não é necessário treinamento específico para usar um revólver. "Não é complexo utilizar esse revólver, não precisa de treinamento especializado", explicou.

foto: Reprodução/TV Globo

Página no Orkut ajuda a traçar perfil de Wellington



Um perfil sem amigos e com uma única comunidade, dedicada ao estudo da
Bíblia. Assim era uma página no Orkut, atribuída a Wellington Menezes de
Oliveira, que pode dar indícios da personalidade atribulada do homem
que matou 12 crianças. A página, cuja autenticidade não é confirmada
pelo Google Brasil, foi retirada do ar, ontem.



Nela, Wellington aparece de camisa branca, barba por fazer, cabelo curto
e fisionomia séria. Não há como verificar a data de criação, mas a
comunidade "Entendendo a Bíblia Sagrada", vinculada à página, tem data
de fundação de 26 de março de 2011.



A comunidade "Entenda a Bíblia Sagrada" tinha, na manhã de ontem, 21
membros. O perfil tem ainda três fotos, sendo duas iguais de um
cemitério, e uma terceira de um homem bastante ensanguentado.
O delegado Felipe Ettore disse que o principal objetivo das investigações é traçar um perfil psicológico de Wellington. "A mãe biológica dele seria portadora de esquizofrenia, segundo relatos dos familiares. È importante traçar se essa doença mental dele é hereditária", completou.

Cristo Redentor

O sobrinho do atirador, que preferiu não se identificar, disse, em depoimento à polícia, que Wellington Menezes de Oliveira era "muito tímido, e não tinha vida social, pois ficava em seu quarto utilizando a internet no computador". O sobrinho disse ainda que depois do atentado às Torres Gêmeas, em Nova York, Wellington dizia que faria o mesmo com o Cristo Redentor.

Ele declarou ainda que o assassino andava muito estranho, e deixou a barba até o peito. Mas o sobrinho afirmou que nunca soube que ele tinha armas de fogo. Disse que o tio era "zoado" no trabalho por outros funcionários.

Sob compromisso de não se identificar, porque corre risco de retaliações, A., 44 anos, contou que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, o franco atirador do Realengo e seu irmão adotivo, era portador de esquizofrenia severa, diagnosticada quando criança. Filho de mãe psicopata e pai desconhecido, ele foi adotado pela tia, Dicéia de Oliveira, mãe de A.

"Lembro do dia em que ela chegou com aquela criança assustada no colo e avisou que ia cuidar dela", recorda-se. "Ele devia ter entre 6 e 7 anos quando começou a tomar remédios controlados."

Quando tinha entre 13 e 14 anos - idade das suas vítimas - e já com sintomas de adolescente revoltado, Wellington abandonou os remédios que tomava. "Desde então, sua esquisitice só piorou", relatou o irmão. Por esse tempo, ele começou também a se enveredar cada vez mais na internet.

"Tinha também obsessão pelo Velho Testamento da Bíblia", relatou A., negando que o irmão tivesse qualquer ligação com a religião muçulmana, como se especulou após a chacina. "Ele sempre se vinculou aos cristãos", garantiu.

A preocupação da família aumentou quando Wellington passou a ler compulsivamente manuais de fabricação de explosivos e manuseio de armas. Segundo A., Wellington tinha uma preferência mórbida por cenas violentas e foi censurado pela família por comentar, sempre com empolgação, o atentado terrorista da Al-Qaeda contra as Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001.

Os Oliveira Alves, irmãos adotivos de Wellington, conheciam e relacionavam-se com a maioria das famílias das crianças atacadas. "Estamos chocados e a única coisa que podemos fazer é lamentar do fundo do coração e esperar que a justiça divina cobre do Wellington o preço de cada morte e de todo sofrimento causado aos pais dessas crianças".

"Wellington era um menino calado, tímido e muito atormentado pelos colegas de classe. Infelizmente, é essa lembrança amarga que vai ficar para mim depois de tantos anos de luta pela educação", Célia Maria de Carvalho, 51 anos, professora da escola Tasso da Silveira que se aposentou no dia do masacre


Atirador era esquizofrênico

Sob compromisso de não se identificar, porque corre risco de retaliações, A., 44 anos, contou que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, o franco atirador do Realengo e seu irmão adotivo, era portador de esquizofrenia severa, diagnosticada quando criança. Filho de mãe psicopata e pai desconhecido, ele foi adotado pela tia, Dicéia de Oliveira, mãe de A.

"Lembro do dia em que ela chegou com aquela criança assustada no colo e avisou que ia cuidar dela", recorda-se. "Ele devia ter entre 6 e 7 anos quando começou a tomar remédios controlados."

Quando tinha entre 13 e 14 anos - idade das suas vítimas - e já com sintomas de adolescente revoltado, Wellington abandonou os remédios que tomava. "Desde então, sua esquisitice só piorou", relatou o irmão. Por esse tempo, ele começou também a se enveredar cada vez mais na internet.

"Tinha também obsessão pelo Velho Testamento da Bíblia", relatou A., negando que o irmão tivesse qualquer ligação com a religião muçulmana, como se especulou após a chacina. "Ele sempre se vinculou aos cristãos", garantiu.

A preocupação da família aumentou quando Wellington passou a ler compulsivamente manuais de fabricação de explosivos e manuseio de armas. Segundo A., Wellington tinha uma preferência mórbida por cenas violentas e foi censurado pela família por comentar, sempre com empolgação, o atentado terrorista da Al-Qaeda contra as Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001.

Os Oliveira Alves, irmãos adotivos de Wellington, conheciam e relacionavam-se com a maioria das famílias das crianças atacadas. "Estamos chocados e a única coisa que podemos fazer é lamentar do fundo do coração e esperar que a justiça divina cobre do Wellington o preço de cada morte e de todo sofrimento causado aos pais dessas crianças".

foto: Fabio Rossi/O Globo

Renata Lima Rocha, de 13 anos, que foi ferida no ataque, recebeu alta ontem do Hospital Estadual Albert Schweitze

Gêmea recebe notícia da morte da irmã

Brenda, que está internada, insistiu  em saber do estado da irmã gêmea, que não sobreviveu



A menina Brenda Rocha Tavares, de 13 anos, internada no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, soube ontem pela madrinha, na presença de médicos, que sua irmã gêmea morreu no massacre. Brenda e Bianca estudavam na mesma sala na Escola Municipal Tasso da Silveira. Brenda, baleada nas mãos, insistia em receber notícias da irmã. De acordo com o tio Alex de Paiva, Brenda não parava de perguntar por Bianca, querendo saber onde e como ela estava. Brenda foi operada, passa bem, mas segue internada.

Outras nove crianças feridas durante o ataque aos alunos da permanecem internadas em seis hospitais. Três delas estão em estado grave. Na tarde de ontem, Renata Lima Rocha, de 13 anos, recebeu alta do Hospital Estadual Albert Schweitzer. Ela foi atingida por um tiro que entrou pelas costas e saiu pela barriga, sem atingir órgãos.

Ao deixar o hospital, Renata encontrou o homem que a socorreu, quando ela deixava a escola ensanguentada. Ela agradeceu e brincou com o rapaz. "Te devo uma", disse. O pai da menina, Milton Oliveira Rocha, muito emocionado, desabafou: "Não aguentaria perder um filho de maneira tão violenta".

Na quinta-feira, uma criança já tinha recebido alta: P. S. F., 14 anos, que foi liberado pelos médicos após melhorar de uma lesão na perna.

Entre as crianças que estão em estado grave está Luan Vitor, de 13 anos. Ele foi baleado no olho direito e está em coma induzido, no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. No mesmo hospital está Taiane Tavares, também de 13 anos. Ela foi atingida por três tiros no abdômen e na coluna e corre o risco de ficar paraplégica.

A menina, que praticava atletismo, respira com ajuda de aparelhos e segue "com acompanhamento rigoroso". A outra criança em estado grave foi identificada somente pelas iniciais - como é norma na Secretaria de Estado de Saúde.

O menino E.C.A.A., de 14 anos, foi baleado no abdômen e mão. Ele permanece sedado no Hospital Estadual Albert Schweitzer e respirando por auxílio de aparelhos.
foto: Agência O Globo

Luciano Anderson Faria


Cena chocante

Professor salva turma inteira


O professor de Geografia Luciano Anderson Faria conseguiu livrar uma turma inteira da morte durante o massacre de quinta-feira. Ele começava a dar uma aula quando foi interrompido pelos tiros. O professor, então, deixou os alunos dentro da sala e empurrou cadeiras, impedindo que o atirador entrasse e atirasse. "Quando ouvi os primeiros tiros, saí da sala e vi que as crianças corriam desesperadas, umas atropelando as outras". Luciano correu de volta para a sala em que estava, com cerca de 35 alunos. Com a ajuda dos estudantes, montou uma barricada com mesas e carteiras. "Minha preocupação maior era uma aluna deficiente visual que estava conosco, e que não conseguiria fugir sozinha". Todos os alunos dessa classe se salvaram.


"Não dormi. Parece que ainda é o mesmo dia. Hoje que está caindo a ficha. Começo a lembrar das crianças e peço perdão, desculpa aos pais, por não poder ter ajudado mais. Mas fiz o que pude", Gildete Antunes, vizinha do colégio e que tentou ajudar as crianças que saíram correndo após o tiroteito


Cenário de horror

Porteiro que resgatou aluno diz que atirador selecionou as vítimas


O porteiro Ivo Rodrigues dos Santos, 54, foi um dos primeiros a chegar à escola , após o massacre. Ele mora a uma quadra do colégio e foi chamado pela sobrinha. "Na sala de aula do primeiro andar as crianças estavam amontoadas, todas mortas, cheias de sangue. As meninas estavam separadas dos meninos, mas todas juntas, perto da parede", diz o porteiro. Ele diz ter socorrido um menino chamado Mateus, de 13 anos, que continua internado. O porteiro disse que o estudante lhe afirmou que o atirador selecionou as vítimas.

Assaltantes
Bandidos invadem escola em Bangu, mas se rendem

Ainda abalados pelo ataque na Escola Municipal Tasso da Silveira, estudantes da Escola Municipal Astrogildo Pereira, em Bangu, a seis quilômetros do local do massacre, viveram momentos de pânico na manhã de ontem. Dois assaltantes desarmados invadiram a instituição, entraram numa sala e chegaram a usar uma criança como escudo. Eles foram presos, sem que ninguém se ferisse. Vitor Ribeiro, de 19 anos, e um adolescente de 16 haviam cometido assaltos na Vila Aliança e nas redondezas da Praça Perdões, onde fica a escola. Avisados por pedestres, policiais militares perseguiram os criminosos. Na tentativa de fuga, eles invadiram a unidade. Eles chegaram a ameaçar uma criança. Houve uma breve negociação e os homens se entregaram. Eles foram levados para a 34ª Delegacia de Polícia (Bangu). Uma professora, Amanda Neves, de 32 anos, foi levada em estado de choque para o Hospital Albert Schweitzer.

"Ela ligou chorando, falando que tinha um bandido dentro da escola, e fui para lá. Eram dois, mas a polícia pegou ambos" Arnaldo Lobo.   Ex-coronel aposentado da PM, pai da professora que passou mal.


A GAZETA

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