quarta-feira, 16 de março de 2011

Espírito Santo vai sofrer cada vez mais com temporais e frentes frias

Especialista diz que as frentes estão mais comuns nas serras, o que influencia o clima das demais regiões



Frentes frias têm aparecido mais vezes na Região Serrana capixaba. Assim, contribuem para o surgimento de chuvas de grande intensidade no Estado. A constatação é de Alexandre Rosa dos Santos, mestre em Meteorologia e doutor em Engenharia Agrícola com ênfase em Meteorologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que fez uma pesquisa sobre a movimentação das frentes frias na região nos últimos dez anos. Segundo ele, o fenômeno - que é crescente - é mais uma característica que favorece o cenário de temporais visto nos últimos dias. E o quadro, segundo o Incaper, deve permanecer em todo o Estado até sexta-feira, com céu nublado, tempo instável e pancadas de chuvas e ventos de até 70km/h.

Pesquisa
Vimos que, em um intervalo de dez anos, as frentes frias têm aparecido mais vezes e com um menor intervalo de tempo nessa região. Elas chegam rapidamente, provocam chuvas mais fortes do que o comum ou secas também muito fortes, e passam logo. Se antes esse intervalo variava entre dois a quatro dias, agora são de dois dias, em média.

No Estado
Em função das características geográficas do Espírito Santo, esse resultado pode ser estendido para todo o Estado. Temos um território estreito e alongado de características semelhantes, onde o que mais influencia no tempo são o relevo e o oceano. E o estudo trata de frentes gigantescas que cobrem nosso território.

CausaA presença constante de frentes frias é fruto da instabilidade climática, consequência da combinação das mudanças naturais que o clima do planeta está sofrendo com as transformações antropogênicas (fruto da ação do homem). Essas também ocorrem quando se ocupam, desordenadamente, áreas de risco.

Chuvas recentes
Elas não têm nada a ver com esse processo. São fruto de um complexo meteorológico que gerou muitos ventos e chuvas fortes e contemplou uma grande área do Estado. O fenômeno, chamado de "complexo convectivo", representa uma formação gigantesca de nuvens sobre o oceano, que geram ventos e instabilidade muito fortes. Isso possibilita a formação de massas de ar. O processo tem características iniciais de ciclone, mas em hipótese alguma pode ser chamado de ciclone. Para isso, é preciso baixa pressão atmosférica e aquecimento de águas do oceano, o que não ocorreu.

Riscos 
Como está chovendo há mais de 20 dias em muitos pontos, o solo já está muito encharcado, o que faz com que escoamento superficial da água contribua para o escorregamento de encostas. Para se ter uma ideia, em 30 dias já choveu metade do que está previsto para chover em um ano, no Sul do Estado.


"Vimos que, em um intervalo de dez anos, as frentes frias têm aparecido mais vezes, com um menor intervalo de tempo. Elas chegam rapidamente, provocam chuvas mais fortes do que o comum e passam rápido. Se antes esse intervalo variava entre dois e quatro dias, agora são de, no máximo, dois dias" -

Alexandre Rosa mestre em meteorologia e doutor em engenharia agrícola com ênfase em meteorologia

Solução 
Nessas condições, o que se torna mais importante é um trabalho de prevenção, sobretudo nas áreas de risco. É preciso que haja um mapeamento dessas regiões para que antes dos temporais já sejam estudadas soluções; e as possíveis vítimas, retiradas. Esse trabalho de prevenção depende de uma rede de voluntários e do município, e para isso deve ser feito um plano de contingência que envolva as pastas de Saúde, de Engenharia e de Assistência Social.

Previsão do tempo
A prevenção torna-se mais importante com o desenvolvimento dos serviços dos institutos de meteorologia, que nos dão condições de perceber o que vai ocorrer. Os avanços tecnológicos e o desenvolvimento de modelos matemáticos, além de recursos da compra de novas estações automáticas que emitem boletins instantâneos em diversos pontos do país, aumentaram para até 80% a confiabilidade das previsões.


Fogueira de móveis fecha a 262

Uma manifestação de moradores de Viana interditou os dois sentidos da BR 262 na tarde de ontem, na altura da entrada do bairro Universal. Por mais de duas horas, a comunidade expressou sua revolta contra os alagamentos no bairro.

Para os manifestantes, a situação é resultado de uma obra vem sendo realizada em um valão pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e de Transportes (DNIT).

A comunidade quer a construção de uma galeria sob a rodovia para drenar a água que hoje invade suas casas.

O fogo que impedia a passagem dos veículos foi ateado em pneus e móveis destruídos pelo temporal. A todo momento chegavam à via caminhões carregados de sofás, camas, armários, mesas.

A manifestação causou cerca de 10km de congestionamento nos dois sentidos da rodovia, de acordo com estimativas da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O tráfego só foi liberado por volta das 18h30, após uma reunião com a prefeita, Angela Sias, ter sido agendada para a manhã de hoje. (Vilmara Fernandes)



foto: Fábio Vicentini


Eucalipto que caiu em cima de veículo que estava saindo da Montanha da Esperança, Cariacica Sede 
Susto em cariacica-sede
Árvore cai sobre carro, e motorista sai ileso
Um vendaval atingiu a região rural de Cariacica-Sede, ontem à tarde. Um eucalipto com mais de 15m de altura caiu sobre um carro que transitava na sede do projeto social Montanha da Esperança. "Chovia muito. Quando percebi, a árvore já estava batendo no carro. É um milagre eu estar vivo", disse o dono do veículo, Andrey Bermudes. Dezenas de árvores e postes caíram na estrada. Na escola, outras três árvores foram arrancadas.

Linhares Temporal interdita parte da BR 101
O fim de tarde foi de sufoco ontem em Linhares, na Região Norte. Uma forte chuva alagou várias ruas e chegou a interditar parte da BR 101, na altura do Colégio Estadual. Apenas veículos de grande porte conseguiam passar.
A chuva forte começou por volta das 16h30 e durou cerca de uma hora e meia. Os bairros mais atingidos foram Interlagos, Shell, Aviso, Nossa Senhora da Conceição, Araçá e Centro. Em Pó do Shell, pelo menos 50 casas foram invadidas pelas águas, mas não foi preciso retirar os moradores. O Corpo de Bombeiros chegou a receber 12 chamados de urgência. Por volta das 19h30, as águas começaram a baixar.

Problemas no interior
R$ 400 mil de prejuízo - É o valor dos prejuízos já contabilizados em João Neiva, no Norte do Estado, por conta do temporal no domingo. O Rio Ubás subiu cerca de 5m, invadindo residências e destruindo estradas vicinais.

430 moradores - É o número de pessoas que estão na casa de parentes ou em abrigos em Governador Lindenberg, no Noroeste. Ontem, 80% das lojas ficaram fechadas; e não há previsão de retomada das aulas no interior.


Prevenção
Vacinação em posto médico improvisado
Moradores de Porto de Cariacica fizeram fila para receber vacinas contra leptospirose, hepatite e tétano. Um posto médico improvisado foi montado em uma pizzaria do bairro para atender à população.

Frederico Goulart
A Gazeta

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