domingo, 10 de junho de 2012

Mãe de Elize Matsunaga não sabia de brigas da filha com marido

Mãe de Elize Matsunaga não sabia de brigas da filha com marido
Elize Matsunaga confessou ter matado e esquartejado o marido milionário, em São Paulo. Quem é essa mulher capaz de cometer um crime tão brutal?

Uma história que parece saída de um romance policial, ou de um filme. Uma mulher mata o marido com um tiro na cabeça, enquanto a filha de um ano dorme. A cena do crime é a cobertura de 500 metros quadrados, onde o casal morava na Zona Oeste de São Paulo. 

Dez horas depois, ela esquarteja o corpo e leva os pedaços em três malas de viagem para uma estrada de terra. Nos 15 dias depois do assassinato, vive normalmente. Diz a todos que o marido desapareceu, e que espera o contato dos sequestradores. Sustentou a mentira até ser presa. 

“Ela confessa espontaneamente que ela é autora do homicídio. E confessa também que ela praticou sozinha”, diz o delegado Jorge Carrasco, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.

O Fantástico conta quem é a bacharel em direito e técnica de enfermagem Elize Matsunaga, de 30 anos. Nesta semana, ela deu detalhes à polícia de como matou e dilacerou o corpo do marido, o diretor-executivo da indústria de alimentos Yoki, Marcos Matsunaga, de 41 anos. 


Depois de matar o marido, Elize saiu dirigindo o próprio carro. Pretendia ir até o Paraná, mas desistiu depois de 200 quilômetros. Parou em Cotia, na Região Metropolitana, para se livrar do corpo. As malas vazias foram deixadas em uma caçamba e a faca usada no crime, numa lixeira de um shopping. 


Casada havia dois anos, Elize tinha uma rotina luxuosa, com carro blindado, três empregadas, viagens ao exterior, almoços e jantares em restaurantes caros. 

Uma situação bem diferente da que enfrentou em Chopinzinho, 20 mil habitantes, no sudoeste do Paraná. Na cidade em que nasceu, Elize teve uma vida humilde. Morou em uma casa até a adolescência. Depois vinha visitar a família pelo menos uma vez ao ano junto com o marido. 

Elize vinha ver a mãe, que há quatro anos enfrenta um câncer de intestino. Dona Dilta Ramos Araújo diz que a filha gostava de Marcos. 

“Não sabia de nenhuma discussão, sempre ligava e falava que estava tudo bem. Ele muito carinhoso com ela, ela com ele, nunca passou nada, imagem nenhuma que a gente pudesse desconfiar de alguma coisa. Ela era uma menina tranquila, menina estudiosa, sempre ajudou a cuidar das irmãs pequenas para eu trabalhar, sempre foi uma boa filha”, conta. “Ela queria fazer um curso, ter um trabalho, ter seu dinheiro” 

Mas, um dia, a vida da menina pacata deu uma guinada: com cerca de 15 anos de idade, Elize fugiu de casa. 

“Não sei o que aconteceu, ela nunca falou nada. Fiquei chateada, como toda mãe. Mas era coisa de adolescente”, conta a mãe de Elize. 

Elize voltou para casa em pouco tempo. Passou mais uma temporada com a mãe, e acabou se mudando para a casa de um namorado, com quem viveu seis meses. A mãe do rapaz se lembra dela como uma jovem retraída. 

“Parecia sempre ser uma pessoa triste. Eu sempre imaginava que era o jeito dela, porque muitas pessoas são assim, quietinhas, não são muito de conversar, não são muito de amizade”, conta Cloci Teresinha Camarotto, mãe do ex-namorado de Elize. 

Na infância, Elize estudou em uma escola pública. Lá, não há registros de envolvimento em brigas ou problemas de indisciplina. Pelo contrário. Ela era considerada aluna de excelentes notas e de comportamento exemplar. 

A professora que lecionou para Elize por cinco anos diz que se surpreendeu, esta semana, ao descobrir que a ex-aluna morava com muito conforto em São Paulo. 

“Eu fiquei surpresa com a condição social dela, e com a real situação da mãe aqui. Eu nem tinha a menor noção de que ela estivesse tão bem financeiramente, dada a situação da mãe, que é uma senhora bem humilde, trabalhadora, trabalha até hoje na mesma função de serviços gerais”, diz Maria Salete Lorenzetti, ex-professora de Elize. 

Quando saiu de Chopinzinho, aos 18 anos, Elize foi morar em Curitiba, e se formou técnica de enfermagem. Mas não seguiu a profissão. Foi para São Paulo, e virou garota de programa. 

Eliza publicou seu perfil numa página da internet que anuncia acompanhantes. Foi assim que conheceu Marcos, em 2004. Ele ainda estava casado com a primeira mulher. 

Na mesma época, Elize começou a estudar Direito numa universidade particular. Um dos poucos amigos da faculdade diz que Elize nunca contou quem era o namorado. Até que o colega acabou descobrindo pela internet. 

“O Marcos que você namora é o Marcos Kitano? Ela falou 'É, mas eu não quero que ninguém saiba. Porque ele tem uma posição social diferenciada, vai que alguém faz alguma coisa, pensa alguma coisa. Ou com ele ou comigo'”, conta José Américo Machado, amigo de Elize. 

Elize não gostava de falar da vida de milionária que levava, mas era generosa com os amigos. 

“Teve uma fase difícil da minha vida, eu não tenho vergonha de falar não, até conta de água e luz... Ela chegou e falou: ‘Como é que está lá, deu dinheiro na minha mão. Ela era muito humana. Humana demais”, diz o amigo. 

Sem poder abandonar o tratamento contra o câncer, a mãe de Elize não foi a São Paulo e não falou com a filha depois da prisão. “Um pesadelo... Eu queria que acordasse e não fosse verdade, fosse um filme que voltasse, só que não pode ser assim, não volta atrás”.  
(FANTÁSTICO)

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