Leonardo Miggiorin, de 'Insensato Coração', interpreta um gay afetado |
Com tantos atores dando vida a homossexuais, o mais óbvio seria pensar que a aceitação ao público gay é maior também nas ruas e que a TV brasileira estaria prestes a exibir o primeiro beijo entre um casal do mesmo sexo. Parece óbvio, mas não é verdade.
Entrevistado pelo Caderno 2, o autor Gilberto Braga afirma que, no caso de "Insensato Coração", ainda não vai ser desta vez. "Ainda estamos avaliando se haverá um caso de amor homossexual. Pessoalmente, acho que o espectador não está preparado para a cena", acredita.
A polêmica em torno de um possível beijo gay na TV chegou até mesmo ao jornal inglês "The Guardian". Em matéria especial publicada neste mês, o periódico revela a explosão colorida na telinha nacional e afirma que, num país marcado pela homofobia e, por outro lado, por uma forte militância LGBT, a audiência de mais de 50 milhões de pessoas ainda espera a primeira troca de afeto em um folhetim.
Apesar do número recorde de gays nas tramas, TV está longe de exibir carícias |
Jornalista e mestre em estudos voltados para o homossexualismo na TV, Eduardo Peret acredita que o preconceito é grande, mas que, uma hora, o beijo homossexual terá que acontecer. "Acredito que a própria sociedade vai cobrar uma postura das emissoras, em especial da Globo."
Em 2007, o progarma "Beija Sapo", da MTV, mostrou o primeiro beijo homossexual da TV brasileira. A atração comandada por Daniela Cicarelli foi um contraponto à polêmica de dois anos antes, quando Glória Perez escreveu uma cena de beijo entre Junior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Eron Cordeiro), em "América" (2005), mas viu a passagem não ir ao ar, por uma decisão da Rede Globo. No ano passado, a emissora também vetou um beijo entre os personagens de Hugo Leão e Fábio Henriquez, na minissérie "Clandestinos".
"Há uma forte cobrança comercial por parte de emissoras como a Globo. As novelas, por exemplo, são tratadas de duas formas. Quando o assunto é violência familiar, o uso de drogas e a crise econômica, o folhetim vira objeto de denúncia social. No caso da sexualidade, não. Há a possiblidade de mostrar a dignidade do afeto, como visto nos personagens de Rodrigo (Carlos Casagrande) e Tiago (Sérgio Abreu), em ?Paraíso Tropical? (2007). Mais do que isso seria chocar o público padrão", acredita Eduardo Peret.
O mesmo pensa Gilberto Braga. Para ele, a homossexualidade ainda precisa ser apresentada de forma branda. "É preciso mostrar que o homossexual pode viver uma relação social estável, quebrando vários estereótipos. Por isso, aptamos em não criar abertamente um núcleo gay na novela. Teremos personagens que circularão pela trama, cada um com sua própria história, sem levantar bandeira", complementa.
"O beijo lésbico, creio eu, será mais aceito, visto que faz parte da fantasia dos homens, o pilar da sociedade machista."Patric Barbosa, Psicólogo, 32 anos
"O beijo gay vai chocar sempre, pois não faz parte do comportamento padrão vendido pela sociedade."
Denise Correa, 45, Funcionária pública
Casos polêmicos
Pioneirismo
Primeiro casal gay a ganhar repercussão na TV brasileira, Sandrinho e Jéfferson (André Gonçalves e Lui Mendes) foram o centro das atenções em "A Próximo Vítima" (1995), de Silvio de Abreu. Por conta do personagem, André Gonçalves foi espancado nas ruas do Rio de Janeiro.
Intolerância
O público não aceitou o relacionamento lésbico de Rafaela e Leila (Christiane Torloni e Sílvia Pfeiffer, foto abaixo) em "Torre de Babel" (1998). Por um pedido da direção, o autor Sílvio de Abreu foi obrigado a matá-las na trama em um incêndio.
Delicadeza
A relação entre Clara e Rafaela (Aline Moraes e Paula Picareli) comoveu o público em "Mulheres Apaixonadas" (2003), de Manoel Carlos. O beijo se resumiu a um selinho.
Caricato
O caso entre Ubiraci (Luiz Henrique Nogueira) e Turcão (Marco Vilela), em "Senhora do Destino" (2004) rendeu boas gargalhadas. Por uma opção do autor Aguinaldo Silva, não existia nenhum contato físico.
Polêmica
A discussão em torno do primeiro beijo gay das telenovelas marcou a trajetória de Junior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Eron Cordeiro), em "América" (2005, foto abaixo). Glória Perez chegou a gravar a cena, que não foi exibida.
Início
O primeiro gay a ser retratado na teledramaturgia brasileira foi o ricasso Conrad (Ziembinski), em "O Rebu" (1974), de Bráulio Pedroso, um gay caricato e vilão.
Selinho
O primeiro selinho foi em "Um Sonho a Mais" (1985). Ney Latorraca era um travesti, a secretária Anabela Freire, que se casava com Pedro Ernesto (Carlos Kroeber).
Perseguido
Cecil Thiré ficou estereotipado após viver o vilão Mário Liberato, de "Roda de Fogo" (1986). O ator precisou revelar publicamente que não era homossexual.
Los Hermanos
Na Argentina, um beijo gay foi exibido recentemente no horário nobre da emissora Telefé, em "Botineras", entre os atores Christian Sancho e Ezequiel Castaño, que vivem dois jogadores de futebol na história.
Teen
Fenômeno entre os adolescentes, "Glee" teve seu primeiro beijo gay exibido no final de 2010, com grande sucesso de audiência.
Made in USA.
Nos EUA, o primeiro programa a exibir um beijo gay no horário nobre foi "Will & Grace", na 2ª temporada. Entre 2004 e 2008, a TV americana produziu uma série lésbica, "The L Word"
A Gazeta - Gustavo Cheluje
eu acho que se possivél asseitar um beijo hetero por que não um gay? essa e anova realidade do mundo .
ResponderExcluirassistimos todos os dias troca de violência e ninguém se assusta mais, assim será com o beijo e depois é troca não só de beijo, mas de carinho, afeto e por aí vai... Se formos analizar o beijo é menos mal ao olhos do que assistir programa da tarde como Datena e outos. Nada contra Datena, mas o que ele mostra. ´R o fim, alguém ainda tem dúvidas.
ResponderExcluirbaybaybaby
quando isso acontecer é o fim
ResponderExcluirnao e questao de preconceito.Mas axo q crianças ficariam confusas. entao por bom senso deixa pra beijar a sois em lugares reservados.
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