O deputado terá que se explicar na Comissão de Ética do partido. Ele já pediu afastamento das funções de direção na sigla.
Alan Marques - 14.dez.11/Folhapress
Deputado Stepan Nercessian em sessão da Câmara; ele recebeu R$ 175 mil de Carlinhos Cachoeira
Stepan admitiu à Folha que recebeu o dinheiro, após ser informado de que as transações aparecem em grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que levou à prisão de Cachoeira.
Trechos de gravações de ligações telefônicas entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal e investigado por suspeita de explorar ilegalmente jogos de azar, mostram o empresário pedindo ajuda ao político. Em gravações obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo, Cachoeira pede a ajuda de Demóstenes para impedir a convocação do empresário Fernando Cavandish, dono da construtora Delta, para depor numa comissão da Câmara, em maio de 2011. A Delta se destacou fazendo negócios com o Governo Federal e vários Estados e Cachoeira tinha interesse em promover negócios da construtora com o governo de Goiás. "Manda ele retirar o requerimento", pediu Cachoeira.
Ainda de acordo com o jornal, em setembro do ano passado, Demóstenes ajudou a abrir portas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para representantes de um laboratório farmacêutico controlado por Cachoeira. De acordo com os registros da Anvisa, o senador pediu uma audiência para tratar de um "protocolo sobre o câncer", mas usou a reunião para discutir pendências do laboratório Vitapan, incluindo pedidos de renovação dos registros de seus produtos. O advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou que não vai comentar o teor dos grampos da PF. "Ainda não tive acesso a essas gravações", disse. Castro afirmou que as gravações não têm valor jurídico e que elas são totalmente nulas.
O valor de R$ 160 mil, segundo ele, seria usado na compra de um apartamento no Rio. O deputado devolveu o dinheiro, de acordo com extrato enviado à reportagem.
"Estava fazendo o empréstimo [com um banco para comprar o imóvel] e, na hora 'H', fiquei com medo de não sair o dinheiro e pedi para ele [Cachoeira], para não perder o negócio. Ele é um cara que eu sei que se eu pedisse ele emprestava. Acabou que o empréstimo saiu e não precisei do dinheiro", afirmou.
Stepan disse que é amigo de Cachoeira há muitos anos, já que os dois são de Goiás.
Outros R$ 15 mil, diz, foi usado para comprar ingressos do Carnaval carioca para Cachoeira.
O deputado diz que pode se licenciar. "Qualquer coisa que tenha que fazer, para esclarecer, a primeira coisa que farei é me licenciar. Mesmo eu estando tranquilo, o PPS não merece ser envolvido."
Na operação, a PF levantou conversas de Cachoeira sobre as transações.
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