Dina Kutner de Souza, mais conhecida como DINA SFAT, nasceu em São Paulo, dia 28 de outubro de 1938 — faleceu no Rio de Janeiro, dia 20 de março de 1989. Foi uma das maiores atrizes brasileiras, deixando na nossa memória papeis tão marcantes, quanto inesquecíveis.
Atriz. inquieta, profunda, dona de uma presença física singularmente sedutora e de uma aguda inteligência interpretativa, Dina Sfat distingue-se, na sua carreira teatral, pela exigência e coerência com que selecionava os seus compromissos profissionais. Foi uma das artistas de proa que verbalizaram e expressaram as reivindicações nacionais contra a injustiça e a opressão durante o período da ditadura.
Filha de judeus poloneses, Dina sempre quis ser artista. Estreou nos palcos em 1962 em um pequeno papel no espetáculo "Antígone América", dirigida por Antonio Abujamra. Daí pulou para o teatro amador e foi parar no Teatro de Arena, onde estreou profissionalmente vivendo a personagem Manuela de "Os Fuzis da Senhora Carrar" de Bertold Brecht. A atriz se transformou em uma grata revelação dos palcos e mudou seu nome artístico para Dina Sfat, homenageando a cidade natal de sua mãe.
Ela nos deixou muito cedo! A afirmativa pode parecer clichê, porém define com exatidão o sentimento que representa a perda de Dina Sfat há 22 anos. Uma das mais completas atrizes do cenário artístico mundial, ela passeou com excelência por cinema, televisão e teatro, sempre se entregando inteiramente as diferentes mulheres que habitava. Era muito pequeno quando a atriz faleceu, mas cresci escutando que ela e minha mãe, que é fã de Dina, se pareciam muito fisicamente. Meu carinho e curiosidade pela artista e sua obra tiveram sua gênese por esse fato. A primeira novela que lembro de Sfat foi a comédia de Carlos Lombardi Bebê a Bordo, lançada no horário das sete em 1988 e reprisada em 1992, oportunidade na qual a assisti. A produção representou seu último trabalho na televisão, e como não poderia deixar de ser foi mais um êxito. Revisitar seus trabalhos nos dá a certeza da grande importância de Dina Sfat para o cenário cultural nacional.
Os primórdios e o teatro
Nascida Dina Kutner de Souza em 28 de outubro de 1938, a artista estreou nos palcos em um papel secundário na peça Antígone América, dirigida por Antônio Abujamra. Depois de passar pelo teatro amador, Dina ingressou no Teatro Arena com a peça Os Fuzis da Senhora Carrar, que marcou sua primeira incursão como atriz profissional. A partir desse momento, em homenagem a cidade natal de sua mãe, ela adota o sobrenome Sfat. Ainda na década de 60 integrou o elenco de O Melhor Juiz, o Rei, Tartufo de Molière, Arena Conta Zumbi - prêmio Governador do Estado de São Paulo como melhor atriz, Arena Contra Tiradentes, O Rei da Vela de Oswaldo de Andrade. A década de 1970 foi marcada foi gigantes desempenhos em obras como Dorotéia Vai à Guerra e A Mandrágora de Maquiavel, sendo dirigida pelo marido Paulo José, O Santo Inquérito de Dias Gomes e Murro em Ponta de Faca, primeira obra a abordar sobre os exilados políticos em plena ditadura militar. A década de 1980 marcou sua estréia como produtora teatral com os sucessos As Criadas de Jean Genet, Hedda Gabler de Henrik Ibsen – que teve uma bem sucedida turnê pelo país, e A Irresistível Aventura. Quatro peças apresentas em um ato, dirigidas por Domingos Oliveira em 1984. A produção marcou a despedida da atriz dos palcos.
A televisão
Em 1972 outra trama de Janete Clair, Selva de Pedra. Considerada até hoje uma das mais importantes novelas da televisão brasileira, a trama girava em torno do drama de Simone Marques (Regina Duarte), mulher dada como morta que retorna assumindo a identidade da falecida irmã, Rosana Reis, confundindo seu marido Cristiano (Francisco Cuoco), quem ela julga ter sido o responsável por seu acidente. O grande destaque da drama ficou para o espetacular desempenho de Dina Sfat como a antagonista Fernanda, mulher bela rica e voluntariosa que após ser abandonada por Cristiano, homem pelo qual ela nutre uma paixão obsessiva, enlouquece e jura vingança. Sfat recebeu o APCA como melhor atriz por seu denso desempenho em Selva de Pedra, e chegou a apanhar nas ruas do Rio de Janeiro por conta das maldades que sua personagem praticava com Rosana. Principalmente ao prender a heroína em uma casa e submete-la a tortura física e psicológica.
Após ser uma das protagonistas de Os Ossos do Barão, Dina Sfat retomou a parceria com Janete Clair em um de seus maiores sucessos televisivos: Fogo sobre Terra, como a carismática Chica Martins. Personagens marcantes como Zarolha em Gabriela, adaptação da obra de Jorge Amado e Risoleta em Saramandaia de Dias Gomes, que trazia em sua trama o realismo fantástico, caíram no gosto popular. Voltou a parceria com Janete Clair e Francisco Cuoco, como a protagonista do grande sucesso O Astro. Interpretando a complexa Amanda, Dina esbanjava beleza e charme em cena, pontuados por sua habitual competência. No ano seguinte, 1979, aceitou estrelar uma trama de Lauro César Muniz, Os Gigantes, ao lado de Tarcísio Meira e Francisco Cuoco. A decepção com a novela, fez com que a atriz deixasse a Globo após onze anos de trabalhos ininterruptos. Após participação nos programas Malu Mulher e Caso Verdade, Dina voltaria apenas em 1982 a emissora com a minissérie Avenida Paulista, ao lado de Antonio Fagundes e Walmor Chagas.
Retornou as novelas no ano seguinte naquela que seria a última novela escrita por sua amiga Janete Clair: Eu Prometo. A autora faleceu dois meses após a estréia da trama, que foi conduzida por Glória Perez. A minissérie Rabo-de-Saia, com Ney Latorraca, mostrou uma beleza madura de Dina como uma das três mulheres do conquistador caixeiro-viajante Quequé. A produção ficou marcada pelo brilhantismo da dupla em cena. Se afastou da atuação por quatro anos, sendo que em 1986 foi diagnosticada com câncer de mama, mas não das artes. Politizada, viajou a então União Soviética, hoje Rússia, para entender melhor o país, o que resultou na produção de documentário para a televisão abordando os primórdios da perestróika no país. Após recusar ser a protagonista Jocasta de Mandala, papel que ficou com Vera Fischer, Dina estrelou em 1988 sua última novela, Bebê a Bordo, e lançou um livro sobre sua vida, obra e luta contra a doença: Dina Sfat - Palmas prá que te Quero.
O cinema
Versátil, com uma fantástica presença de cena, e o gosto apurado por se arriscar em papéis complexos, deram a Dina Sfat grandes momentos no cinema nacional com obras que se tornaram clássicas com o passar dos anos. A mais lembrada e comentada de todas, sem dúvidas, é Macunaíma, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e baseado na obra de Mario de Andrade. A trama que traz elementos contestadores a ditadura militar, traz Sfat como a guerrilheira Cy, um de seus papéis mais marcantes na tela grande. Longas como Os Deuses Mortos de Ruy Guerra, Eros, o Deus do Amor de Walter Hugo Khouri, e a comédia de Joaquim Pedro de Andrade, O Homem do Pau-brasil, renderam a estrela prêmios como melhor atriz e coadjuvante respectivamente. Tati, a Garota de Bruno Barreto também foi outro momento marcante da atriz nos cinemas.
Dina Sfat tinha uma beleza diferenciada das atrizes de sua geração, trazia uma sensualidade desconcertante e os olhos extremamente expressivos. Um olhar inesquecível, expressivo e complexo. Assim como Dina, uma das maiores e mais saudosas estrelas brasileiras.
Gostria de rever uma novela que Dina se chamava Paloma e ela tinha um irmão chamado Frederico(Fred)que estava no hospital e pediu pra ela desligar os aparelhos pra ele morrer,e a cunhada dela dela era a atriz Susana Viera que chamava (Veridiana)achoque o nome da novela era Cara A Cara
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