quarta-feira, 30 de março de 2011

Grã-Bretanha estuda ração contra arrotos e flatulência para gado

Cientistas britânicos estão pesquisando maneiras de alterar a dieta de vacas e ovelhas com o objetivo de tentar reduzir a emissão de gases causadores de efeito estufa pelos animais, evitando arrotos e flatulência em excesso.

Pesquisa procura diminuir quantidade
de metano emitida pelas vacas
Um novo estudo feito por uma equipe da Universidade de Reading e pelo Instituto de Ciências Biológicas, Ambientais e Rurais da Universidade de Aberystwyth sugere que modificações no tipo de ração que alimenta o gado podem reduzir a emissão do gás metano em até 33%.

Animais ruminantes, como vacas e ovelhas, são uma das principais fontes de emissão de metano na indústria agropecuária, porque o processo de fermentação que acontece dentro de seu sistema digestivo provoca uma concentração do gás.

Ministros britânicos dizem esperar que o estudo, financiado pelo Departamento de Ambiente, Alimento e Assuntos Rurais (Defra, na sigla em inglês), melhore a performance ambiental das fazendas do país.

"É muito instigante que essa nova pesquisa tenha descoberto que, simplesmente mudando o modo como alimentamos os animais na fazenda, tenhamos o potencial de fazer uma grande diferença no meio ambiente", disse o ministro da Agricultura Jim Paice.

De acordo com o Defra, só a criação de gado em fazendas responde por 9% do total de emissão de gases de efeito estufa na Grã-Bretanha. Metade deste valor é consequência da criação de animais leiteiros como ovelhas, vacas e cabras.

Alimentação

Segundo os dados da pesquisa, aumentar a proporção de milho de 25% para 75% na ração utilizada na alimentação dos animais reduziria a emissão de metano em 6% para cada litro de leite produzido pelas vacas.

O uso de capim rico em açúcar também reduziria as emissões em 20% para cada quilo de peso ganho pelos animais.

No caso das ovelhas, aveia descascada pode reduzir a emissão de metano em 33%.

Mas a Defra disse que os benefícios das reduções a longo prazo terão que ser considerados "em comparação com outros impactos ambientais e com a praticidade e o custo de implementar (o método) nas fazendas."

A pesquisa também afirma não estar claro se as mudanças realmente reduzem a quantidade de gases expelidos pelos animais ou se as mudanças na dieta aumentam os rendimentos totais de carne e leite e, por isso, diminuem a proporção de metano produzido por quilo de carne ou litro de leite.

Ruminação

Há anos, pesquisadores de países como a Austrália e a Nova Zelândia buscam soluções para o problema da emissão de gases de efeito estufa na criação de gado.


A criação de gado é uma das principais fontes de gases estufa

Na Nova Zelândia, os animais criados em fazendas respondem por 90% das emissões de metano do país, e por 43% das emissões de gases como metano e gás carbônico de todas as atividades humanas. Reduzir as emissões nessa área é condição para que o país alcance as metas estipuladas pelo protocolo de Kyoto.

Em 2010, a organização da ONU para alimentação e agricultura, FAO, propôs taxar as emissões dos animais como parte de uma série de medidas para reduzir o impacto ambiental do setor agrícola.

A FAO justificou a proposta dizendo que, considerando toda a cadeia alimentar (criação, alimentação, transporte, abate, etc.) os animais de criação do mundo são responsáveis por 9% das emissões de gás carbônico induzidas pelo homem e por 37% das emissões de metano.

No entanto, representantes do setor na Grã-Bretanha foram contra a ideia e disseram que já tomaram medidas para reduzir as emissões totais.

Uma medida alternativa, proposta por pesquisadores da Universidade de Bangor, no norte do País de Gales, seria manter o gado leiteiro em galpões, o que permitiria aos fazendeiros recolher o metano e utilizá-lo como combustível, evitando que o gás escape para a atmosfera. [BBC Brasil]


É verdade que o pum das vacas aumenta o efeito estufa?
por Viviane Palladino

É, sim! Durante a digestão, bois e vacas produzem muito metano, um gás que contribui com 23% do efeito estufa e é 21 vezes mais ativo que o gás carbônico na retenção dos raios solares que aquecem o globo! No Brasil, os rebanhos de bovinos e outros ruminantes (cabras, ovelhas, búfalos...) são responsáveis por 90% do metano gerado no país - no mundo, esse índice cai para 28%. O gás é produzido por bactérias do rúmen (uma das quatro cavidades do estômago dos bichos), que ajudam a retirar a energia dos alimentos que o gado come. O mais curioso é que a maior parte dos gases não sai estrondosamente pelo ânus do bicho, mas pela boca, como se fosse um arroto, junto com a respiração. Mas, antes que alguém resolva dar nome aos bois e mandar as vacas para o brejo por causa do efeito estufa, vale lembrar que o maior responsável pelo excessivo aquecimento global é o gás carbônico emitido por fábricas e carros." No caso dos ruminantes, dá para reduzir a emissão de metano mexendo na dieta dos animais e diminuindo o tempo para o abate", afirma o agrônomo Sérgio Raposo, da Embrapa.
Bufando e andando
Ruminantes emitem 28% do metano produzido no mundo
Fontes produtoras de metano no planeta
Animais ruminantes - 28%
Gás natural - 15%
Aterros - 13%
Cultivo de arroz - 11%
Esgoto - 10%
Outros - 23%
Fonte: Painel intergovernamental em mudanca do clima (IPCC)




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