terça-feira, 26 de abril de 2011

Vinte pessoas foram vítimas de balas perdidas no Espírito Santo só em 2011

Vinte pessoas foram vítimas de balas perdidas no Espírito Santo só em 2011
Um dos casos mais recentes é o do menino Mateus Vidal Arruda, morto com o um tiro na cabeça em Inhanguetá, região da Grande São Pedro


Mateus Vidal Arruda, morto com
o um tiro na cabeça:
  doação órgaos
Levantamentos do Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) na Grande Vitória e em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, revelam que 20 pessoas foram vítimas de balas perdidas desde o dia 1º de janeiro até o final da tarde desta segunda-feira (25). Os dados da polícia não diferenciam vítimas feridas ou mortas. Um dos casos mais recentes é o do menino Mateus Vidal Arruda, morto com o um tiro na cabeça em Inhanguetá, região da Grande São Pedro, em Vitória.

O menino foi baleado na cabeça na noite do dia 16 deste mês, quando saiu de de casa para comprar um pedaço de bolo na praça do bairro. O crime ocorreu em um sábado e foi resultado da briga e troca de tiros entre gangues rivais. Na semana passada, Mateus teve morte cerebral. Uma semana após este caso que comoveu capixabas em todo o Estado, Katiane Siqueira Vidal, 30 anos, mãe do menino morto, fala da vontade de mudar de casa.

"Estou pensando seriamente de mudar de casa. Quase sempre que vou na rua, para resolver algo, eu preciso passar pela pracinha onde tudo aconteceu. E toda hora que estou no local, descem lágrimas dos meus olhos. Vem tudo em minha mente", revelou.

Mãe de outras quatro crianças, de 13 anos, 12, cinco e três meses de idade, ela diz que a rotina da família já não é mais a mesma. "Eu nem deixo eles sozinhos na rua, perto de casa, como era antes. Se eles precisam sair, ou pedem para sair, eu levo e trago de volta. Eu estou com medo. Lá (praça do bairro Inhanguetá) existe risco de sermos baleados a qualquer momento porque é um lugar muito agitado. A gente tem medo de andar na região. Eu mesmo caminho vigiando tudo ao redor", desabafou.

Reforçar o trabalho empenhado pelas Polícias Civil e Militar. Esse é o caminho para evitar o drama e o trauma de Katiane Siqueira e familiares das outras 19 vítimas de pessoas mortas ou feridas por balas perdidas no Espírito Santo, como explica o secretário Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), Henrique Herkenhoff.

"A única maneira de evitar a bala perdida é evitar também o homicídio. Ou seja, prender esses criminosos e homicidas que se servem da arma de fogo com mais facilidade do que a gente troca um pneu de carro. Esses indivíduos banalizaram a violência tanto que transformaram isso em algo do cotidiano da sociedade. Enfim, temos que aperfeiçoar todo o trabalho que já realizamos, afinal a única forma de impedirmos isso é apurando as responsabilidades e prendendo os homicidas não há como evitar as balas perdidas sem evitar os tiroteios", afirmou o secretário.

Assessores da Sesp trabalham atualmente em um programa denominado como Inteligência Social, de autoria do secretário Herkenhoff. O chefe da pasta não fala ainda sobre o assunto, antes de tratá-lo em definitivo e diretamente com o governador Renato Casagrande (PSB), mas em corredores e salas da Sesp fala-se em uma gerência que trabalharia com dois grupos: uma equipe de rua composta por assistentes sociais, pedagogos e outros profissionais; e uma equipe interna de análise, composta por gente do mesmo gabarito da equipe de rua, além de economistas, psicólogos, sociólogos e outros.

A idéia seria obter as informações exatas do que as autoridades devem fazer para garantir a presença do Estado a fim de inibir ações criminosas, promovendo desenvolvimento socioeconômico nos bairros e comunidades que buscam demandas em educação, saúde, lazer, cultura e outros direitos públicos.

PAULO ROGÉRIO - Rádio CBN Vitória (93,5 FM / 1.250 AM)

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