terça-feira, 19 de abril de 2011

Roberto Carlos. As várias faces do Rei ao longo de 50 anos de carreira

As várias faces do Rei Roberto Carlos ao longo de 50 anos de carreira
Roberto Carlos é, definitivamente, a cara do Brasil. Em 50 anos de carreira, ele foi do rock ao bolero, passando pelo soul e cantou canções românticas, ingênuas, religiosas e ecológicas



O desafio maior não é se tornar rei, e sim conseguir manter-se no trono. Soberanos podem ser depostos a qualquer momento. Não é o caso de Roberto Carlos, que, com mais de cinco décadas de carreira, permanece no posto de maior estrela da música brasileira. Agora, Sua Majestade chega neste 19 de abril aos 70 anos de vida.

A data seria marcada por um grande show em Vitória. Mas a morte da filha mais velha do Rei, Ana Paula Rossi Braga, 47 anos, após sofrer parada cardíaca, a apresentação foi adiada para o dia 4 de junho.

Entender os motivos da permanência de Roberto Carlos no trono é simples. Mais do que uma figura carismática, é um artista que soube se reinventar ao longo dos últimos 50 anos. São diversas as facetas do cantor e compositor. Musicalmente, ele foi do rock ao bolero, passando pelo soul. Já os temas de suas canções são ainda mais variados, como a ingenuidade festiva da Jovem Guarda, o romantismo, a religiosidade e o ativismo ecológico.
O cantor Roberto Carlos acompanha os desfiles na Sapucaí (06/03/2011) Imagem: UOL

Amigo do Rei, o empresário cachoeirense Darinho Cruz considera Roberto um dos artistas que mais contribuíram para a evolução da música brasileira. "Sou suspeito para falar, mas ele influencia gerações desde a Jovem Guarda. O Roberto é referência na música e no comportamento", afirma Darinho, presença garantida em todos os shows do amigo no Estado.

A maioria dessas apresentações, por sinal, aconteceu graças ao empresário artístico Fernando Palhares, que chama a atenção para o profissionalismo do cantor e compositor. "Ele nunca abriu mão do aprimoramento técnico, trabalhando com os melhores músicos, com grandes orquestras e maestros", acrescenta Palhares.

Segundo ele, o grande trunfo de Roberto é saber equilibrar suas diferentes facetas. "Logo após a Jovem Guarda, ele alcançou sua maturidade compondo belíssimas canções, como 'Detalhes' e 'Traumas'. De lá para cá, passou por diferentes fases, sem que uma ofuscasse a outra, e vive revisitando todos esses momentos de sua carreira", diz.


Ritmos

Em seu primeiro álbum, "Louco por Você" (1961) - que acabou renegado pelo Rei e hoje, de tão raro, vale uma fortuna -, Roberto flertava com a bossa nova, o bolero e o rock. A maioria das canções desse disco foi composta pelo colega Carlos Imperial (outra cria de Cachoeiro de Itapemirim, terra natal do Rei).

Os grandes hits vieram a partir do disco seguinte "Splish Splash", de 1963, em que mergulhava de cabeça no rock 'n' roll. Dele, saíram hits como "Parei na Contramão", de Roberto e Erasmo, e a faixa-título, versão do Tremendão para a canção homônima, de 1958, composta pelos norte-americanos Bobby Darin e Murray Kaufman.

Daí em diante, a carreira de Roberto Carlos foi só ladeira acima. Comandou programas de televisão ao lado dos companheiros da Jovem Guarda, estrelou filmes e gravou um disco atrás do outro, todos fenômenos de venda.

No final dos anos 60, o Rei já mostrava o quanto amadurecera, compondo maravilhas ao lado de seu eterno parceiro, Erasmo, entre as quais destacam-se "As Canções que Você Fez Pra Mim", "As Flores do Jardim da Nossa Casa", "Traumas" e "Todos Estão Surdos".

"Ele sempre foi brilhante. Teve sua fase ecológica muito antes dessa onda verde, dessa moda de falar do meio ambiente. Roberto foi um dos artistas pioneiros nesse sentido. Falou da matança das baleias, do desmatamento na Amazônia", lembra o amigo Darinho.

Para ele, o Brasil foi se transformando junto com as músicas de Roberto. É mais provável, porém, que o Rei tenha sido sagaz o bastante para conseguir acompanhar as mudanças sociais, econômicas e políticas, adaptando-se a elas. "A gente precisa parar e pegar toda a discografia dele para analisar com calma. A nossa história está ali. Ele exaltou o amor, a fé, a família, as mulheres e os trabalhadores, como os taxistas e caminhoneiros", completa.
TIAGO ZANOLI - A GAZETA

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