sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Estudante mineiro que morreu após cair de prédio em Guarapari estava alcoolizado, aponta exame

Estudante mineiro que morreu após cair de prédio estava alcoolizado 
O exame toxicológico indicou que havia 13,5 decigramas de álcool, por litro de sangue, no organismo do jovem

Gabriel Camargos caiu do terceiro andar de um prédio em Guarapari

O exame médico realizado no corpo do estudante mineiro Gabriel Camargos, de 14 anos, indicou que ele estava alcoolizado quando caiu do terceiro andar de um prédio de Guarapari. O resultado do exame toxicológico, divulgado nessa quinta-feira (14), revelou que havia 13,5 decigramas de álcool, por litro de sangue, no organismo do jovem. As informações são do Superintendente de Polícia do Interior, delegado Danilo Bahiense. Segundo ele, o laudo não descarta nenhuma linha de investigação.
O nível de álcool no organismo do adolescente é considerado altamente elevado e perigoso. Só para se ter uma ideia, o índice é mais que o dobro do limite para considerar um motorista embriagado, que é de 6 decigramas de álcool por litro de sangue. Equivale também ao consumo de 12 a 15 latas de cerveja em um tempo relativamente rápido, segundo o médico especialista em depêndencia química, João Chequer.

Segundo o médico, levando-se me consideração o resultado do exame, o adolescente estava em um alto nível de intoxicação e o estado de embriaguez pode ter gerado uma espécie de síndrome de pânico em Gabriel.

"Nesses níveis, ele devia estar entrando em estado de estupor, ou seja, estar quase chegando ao estado de coma. Ele deveria estar completamente desorientado, com desorganização mental e provavelmente, por esse motivo, entrou no endereço errado. Na ocasião, ele pode ter se dado conta de não saber onde estava e ter entrado em estado de pânico, que às vezes ocorre em um paciente alcoólico em um nível tão elevado desses. Com a confusão mental, ele pode ter achado que a janela era uma saída de segurança alternativa", afirmou.

Para considerar os efeitos da quantidade de álcool no organismo de um indivíduo, de acordo com o médico, primeiro é analisado o tamanho da pessoa, no caso a altura, o percentual de gordura que ela possui e informações sobre o tempo de consumo de álcool do paciente. Para os padrões de Gabriel, que segundo a família, não fazia o uso de bebida alcoólica, além de possuir uma estatura média e ser magro, a pessoa poderia entrar em coma profundo e morrer.

"Se esse rapaz nunca consumiu bebida alcoólica, como a família diz, então ele entrou em um quadro crítico de intoxicação. Nessa quantidade de álcool os reflexos ficam completamente retardados. Há alteração nítida do raciocínio. A pessoa entra em um quadro de amnésia, de violência eventual, em estado de compulsão, ou mesmo estado de pânico. A evolução do quadro, em geral, é de insuficiência respiratória, alteração do nível de açúcar no sangue, alterações cardiovasculares, convulsão, coma e morte", explicou.
Até o fechamento desta reportagem, a família do adolescente não foi localizada para comentar o laudo do exame toxicológico.

Inquérito

O inquérito que investiga as circunstâncias da morte de Gabriel Camargos passou a ser presidido, ainda nesta quinta, pelo delegado titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Guarapari, Robson Alves Damasceno. Uma equipe da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) esteve no prédio onde o estudante foi encontrado para fazer exames complementares. Peritos papiloscópicos coletaram digitais do terceiro andar - principalmente dos vidros da janela - de onde Gabriel Camargos caiu. Damasceno afirmou que a polícia vai fazer uma comparação das digitais encontradas no local com a do próprio adolescente e de outras pessoas, para esclarecer se mais alguém estava presente na hora da queda do garoto.

O delegado também informou que o laudo da nova perícia deve sair em no máximo 15 dias, mas que pediu urgência no resultado, e que o laudo cadavérico deve ser divulgado nesta sexta-feira (15). Segundo o delegado, três pessoas compareceram hoje à delegacia para prestar depoimento. Entre elas, o morador que encontrou o corpo do rapaz e acionou a polícia. Também foram ouvidos dois moradores do prédio onde Gabriel foi encontrado. Até sábado (16), todos os depoimentos devem ser prestados. Ainda serão intimados a tia dele, que fez a denúncia do desaparecimento do jovem, no último sábado (9), e a pessoa que permitiu a entrada do adolescente no prédio.

"As informações ainda estão muito prematuras para falar qualquer coisa. Só com todos os depoimentos e laudos em mãos que vamos poder fazer afirmativas ou negativas", disse.

Entenda o caso
Gabriel morreu no último sábado (9), após cair de uma janela do terceiro andar de um prédio em Guarapari. O adolescente era de Belo Horizonte e passava férias na cidade na casa de parentes.

O adolescente veio passar o carnaval na Praia do Morro com a avó, num apartamento na Avenida Oceânica, que fica a uma quadra da praia. Ele saiu por volta de 22 horas de sexta-feira (8) para encontrar um amigo na praia e, como não apareceu, na manhã de sábado, os familiares começaram a espalhar cartazes com a foto do adolescente na tentativa de encontrá-lo. Como não portava nenhum documento de identificação, o corpo de Gabriel só foi encontrado e reconhecido pela família na manhã do domingo (10).
Fiorella Gomes, Fonte: A Gazeta Online

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