domingo, 16 de dezembro de 2012

Tuzkoy, na região turca da Capadócia. Cidade fantasma do câncer


Uma cidade turca, Tuzkoy - localizada na região da Capadócia, no centro do país - está sendo abandonada. O governo central liberou recursos para a construção de uma nova cidade após partes do vilarejo terem sido declaradas zonas de desastre. Isso porque a existência de uma rocha na região fez a pequena vila ficar conhecida como "a cidade do câncer".

A região da Capadócia é considerada uma verdadeira maravilha geológica, com rochas porosas talhadas pelo tempo e ruínas históricas que atraem 2 milhões de turistas por ano. A riqueza trazida pelo turismo tem sido uma benção para a região.

As rochas, escavadas para a construção de igrejas-cavernas e cidades subterrâneas, foram depositadas no local há milhões de anos pela erupção de vulcões. Mas em alguns pontos, os vulcões deixaram uma maldição.

Historicamente, os moradores de Tuzkoy apresentam altos índices de doenças respiratórias, responsáveis por cerca de metade de todas as mortes no vilarejo. Até pouco tempo atrás, ninguém sabia a razão. A causa foi descoberta pelo médico Izzettin Baris, que, em meados da década de 1970, começou a estudar pacientes de Tuzkoy e de duas outras cidadezinhas afetadas pelo problema - Karaiun e Sarahidir.

Os médicos pensavam se tratar de tuberculose, mas o tratamento não funcionava. Baris descobriu que os pacientes estavam na verdade sofrendo de mesotelioma, uma forma violenta de câncer causada por exposição a amianto, uma fibra natural que pertence ao grupo dos silicatos cristalinos hidratados.

Mas não havia amianto na região. Pesquisas demonstraram que a causa era um mineral raro, chamado erionita, com propriedades similares a do amianto, presente nas rochas nos arredores de Tuzkoy. Macia e porosa, a rocha é de fácil inalação.

A única solução, segundo Baris, seria transferir a cidadezinha para outro local. Mais de 30 anos após a descoberta do médico, uma nova cidade está sendo construída na montanha nos arredores de Tuzkoy, uma área livre de erionita, para onde os moradores serão transferidos.

Já o futuro da cidade deixada para trás é incerto: o prefeito, Umit Balak, gostaria de demolir o vilarejo, cobrir a área com terra e plantar árvores no local. Já o médico é contra. Segundo ele, a demolição seria perigosa, por conta da poeira. Ele propõe que a cidade seja cercada e que se deixe a natureza tomar conta do lugar.

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