sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Milho transgênico causa câncer em ratos e reacende debate


Milho transgênico causa câncer em ratos e reacende debate

por Juliana Elias
Retrato da polêmica: Ratos chegaram a ter tumores do tamanho de bolas de pingue-pongue (Foto: AFP)

Imagens de ratinhos com tumores imensos inundaram a Europa no fim de setembro. Os animais comeram por dois anos uma espécie de milho transgênico por pesquisadores da Universidade de Caen, na França. Primeiro estudo de longo prazo feito com a semente NK603 — uma das mais vendidas do mundo —, ele retomou com toda a força o debate sobre os riscos desse tipo de alimento.


Na pesquisa, os ratinhos foram separados em grupos que comiam só milho transgênico, milho normal com herbicida ou transgênico com herbicida. A mortalidade entre essas cobaias foi até 3 vezes maior, no caso das fêmeas, em comparação com os animais do grupo de controle — que comiam milho normal e nada de herbicida.

O estudo foi publicado no Food and Chemical Toxicology Review, importante publicação científica, e acompanhou os animais por 24 meses, enquanto os testes para aprovar transgênicos costumam exigir apenas 3 meses. “Os primeiros grandes tumores apareceram entre o quarto e o sétimo mês, ressaltando que o padrão atual de triagem não é adequado”, dizem os autores da pesquisa, no artigo.

Parte da comunidade científica e os fabricantes de transgênicos, é claro, questionaram as conclusões da pesquisa. Alegam, por exemplo, que ela não descreve detalhadamente a dieta normal dos ratos de controle e inclui poucos animais nesse grupo. Por isso, a Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos pediu mais dados aos pesquisadores para emitir uma posição definitiva.

“O relatório deixa várias questões em aberto”, diz Helaine Carrer, professora da Escola Superior de Agricultura da USP, lembrando que os transgênicos estão há quase duas décadas no mercado. “Mas as consequências que o estudo levanta são suficientemente graves e não podem ser ignoradas.”

FONTE: GALILEU

O que são os transgênicos?
Os organismos geneticamente modificados (OGMs), ou transgênicos, são aqueles que tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo, inseridos em seu código genético. O processo consiste na transferência de um ou mais genes responsáveis por determinada característica num organismo para outro organismo ao qual se pretende incorporar esta característica.

Pode-se, com essa tecnologia, inserir genes de porcos em seres humanos, de vírus ou bactérias em milho e assim por diante. 

Quase todos os países da Europa têm rejeitado os produtos transgênicos. Devido à pressão de grupos ambientalistas e da população, os governos europeus proibiram sua comercialização e seu cultivo (quase 80% dos europeus não querem consumir transgênicos).

As sementes transgênicas são patenteadas pelas empresas que as desenvolveram. Quando o agricultor compra essas sementes, ele assina um contrato que o proíbe de replantá-las no ano seguinte (prática de guardar sementes, tradicional da agricultura), comercializá-las, trocá-las ou passá-las adiante.

Os EUA, o Brasil e a Argentina concentram 80% da produção mundial de soja, na sua maioria exportada para a Europa e para o Japão. Estes mercados consumidores têm visto no Brasil a única opção para a compra de grãos não transgênicos.


São enormes as pressões que vêm sendo feitas sobre o governo brasileiro pelo lobby das indústrias e dos governos americano e argentino e sobre os agricultores brasileiros, através de intensa propaganda da indústria, para que os transgênicos sejam liberados e cultivados.

Ainda não existem normas apropriadas para avaliar os efeitos dos transgênicos na saúde do consumidor e no meio ambiente e há sérios indícios de que eles sejam prejudiciais. Os próprios médicos e cientistas ainda têm muitas dúvidas e divergências quanto aos riscos dessas espécies. Não existe um só estudo, no mundo inteiro, que prove que eles sejam seguros.

Os produtos contendo transgênicos que estão nas prateleiras de alguns supermercados não são rotulados para que o consumidor possa exercer o seu direito de escolha.


A Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos"
Os transgênicos ainda estão proibidos no Brasil e o tema ganha dimensão nacional e interesse popular graças às ações das ONGs.

A Campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicos foi criada por um grupo de organizações não governamentais (ONGs) preocupadas com as conseqüências que o uso dos transgênicos pode trazer para nossa saúde, para o meio-ambiente e para a economia do País.

Queremos que antes que se tome uma decisão sobre o cultivo, a comercialização e o consumo de transgênicos no Brasil, sejam feitas pesquisas por instituições científicas de comprovada competência e independência, que assegurem que os transgênicos não são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.

Ao mesmo tempo, queremos que sejam realizadas pesquisas e que haja incentivos para desenvolver a agroecologia - uma agricultura que respeite o meio ambiente e leve em consideração as condições sociais do setor.

Fonte: esplar.org.br

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