quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Emagrecimento. Sem inibidor de apetite, paciente apela para remédios alternativos


Sem inibidor de apetite, paciente apela para remédios alternativos
Medicamentos para diabetes e depressão estão sendo usados por quem quer emagrecer

Com a retirada dos inibidores de apetite (femproporex, anfepramona e mazindol) do mercado no ano passado, muitas pessoas que lutam para perder peso passaram a recorrer a antidepressivos e outros remédios que não são indicados para emagrecimento. Pelo menos três drogas tiveram aumento nas vendas desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o consumo dos anfetamínicos em dezembro do ano passado.

Um levantamento do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), com dados da consultoria IMS Health, mediu o aumento nas vendas dos antidepressivos. O bupropiona aumentou 21,4% de novembro de 2011 a agosto deste ano.



Outro crescimento foi registrado na venda do topiramato. Nos meses anteriores à resolução, o crescimento foi de 20%. De novembro de 2011 a agosto de 2012, subiram 26,8%.

Mas o Victoza - aprovado pela Anvisa apenas para o tratamento da diabetes tipo 2 - teve o maior percentual de aumento. Os dados correspondem à comercialização desses medicamentos em todo país. Em agosto do ano passado, foram vendidas 7.800 caixas de Victoza. Em dezembro, quando os inibidores saíram de vez do mercado, o número saltou para 58,5 mil caixas.

Os especialistas afirmam que a divulgação de uma revista de circulação nacional sobre o uso do remédio para a redução de peso contribuiu para o aumento do consumo - 35,3 mil caixas foram vendidas em setembro, mês da publicação.

Apesar de não ter estatísticas de venda no Espírito Santo, o presidente do Sindicato das Farmácias do Estado, Edson Daniel Marchioli, diz que percebeu aumento. "Tanto bupropiona quanto topiramato tiveram uma saída significativa. Já o Victoza vendeu muito no início do ano, mas a febre caiu um pouco agora", diz.

O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia no Estado, Albermar Harrigan, confirma que médicos estão prescrevendo antidepressivos no lugar dos inibidores. Mas alerta: "São drogas de ação central no cérebro e não devem ser usadas se o principal objetivo é emagrecimento."

"O tratamento deve ser para toda a vida"

Minha dieta teve início com reeducação alimentar, inibidores de apetite e recomendações de atividade física frequente. Usei um remédio por três meses (quando a venda era permitida) para ganhar ânimo nesse início e emagreci sete quilos. Depois, o médico me receitou bupopriona para diminuir a ansiedade, além de uma fórmula manipulada. Fiz dieta me alimentando a cada três horas, sem gorduras e açúcar. Como pão light integral e troquei manteiga, margarina e maionese pelo requeijão light. A atividade física foi fundamental e precisa ser prazerosa. Com essas mudanças, perdi mais 13 quilos. Depois de passar do manequim 46 para o 40 com folga, estou mais feliz. Aprendi que tenho uma doença chamada obesidade crônica, sem cura, e que o tratamento deve ser para toda a vida.

Especialista alerta para efeitos colaterais

O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia no Estado, Albermar Harrigan, não recomenda o uso de antidepressivos e de outros medicamentos para a perda de peso. O especialista também alerta para o perigo do consumo aleatório desses remédios.

"Os antidepressivos podem provocar efeitos colaterais cardiovasculares, alteração de comportamento e dependência", afirma. Já o Victoza é indicado para controlar o diabetes tipo 2. A Anvisa não recomenda o remédio para quem não é portador da doença e quer usá-lo para fins de emagrecimento.

A agência também publicou nota informando que seu uso para "qualquer outra finalidade que não seja como antidiabético caracteriza elevado risco" para a saúde.

A proibição dos emagrecedores à base de anfetaminas foi criticada em audiência pública na última terça-feira na Câmara dos Deputados, em Brasília. Para médicos e deputados, o veto aumentou contrabando e uso de outras drogas sem indicação.


Fonte: A Gazeta

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