sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Homens com DST resistem a se tratar


Uma pesquisa encomendada pelo Programa Nacional de DST-Aids mostra que 10,3 milhões de brasileiros já tiveram sintomas de doenças sexualmente transmissíveis e que os primeiros problemas começam cedo. De acordo com o trabalho, 8,9% dos homens entre 15 e 24 anos disseram já ter apresentado sinais relacionados às doenças. "É um dado que preocupa, sobretudo diante da constatação de que DSTs aumentam em até 18 vezes o risco de infecção pelo HIV", disse a coordenadora do programa, Mariangela Simão.

Cartão virtual comunica doenças

Para tentar reduzir o número de DSTs, o Ministério da Saúde aposta em informação - agora, no anonimato. Uma campanha lançada ontem traz três ferramentas para que uma pessoa possa comunicar a um parceiro a sua infecção, sem se identificar.

São cartões-postais, minicartões de visitas e um cartão virtual, disponíveis no sitewww.aids.gov.br/muitoprazer com os dizeres: "Oi! Não sei se essa é a melhor forma de dizer, mas descobri que tenho uma DST (Doença Sexualmente Transmissível). Fui a uma unidade de saúde, procurei um médico e já estou me tratando. Acho que você deveria fazer o mesmo." No entanto, até as 21h30 de ontem, o site estava fora do ar "para manutenção".

Ao apresentar a campanha, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou: "É uma forma de a pessoa não se expor". A coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão, disse que a iniciativa é semelhante a uma realizada nos Estados Unidos.

"Depois da campanha, houve um aumento de consultas", contou. Para ela, a oferta da possibilidade de uma comunicação anônima não aumenta o estigma em torno de DSTs. "O importante é que parceiros fiquem sabendo e possam se tratar."

Além de um número significativo de infecções relatadas, o estudo mostra que brasileiro resiste em procurar o médico nessas situações (18% dos homens não procuram tratamento). e, quando procura, é mal-orientado. Um em cada quatro homens, ao aparecimento dos primeiros sintomas, procurou o balconista da farmácia em vez de procurar o médico. E do grupo que procurou os médicos, apenas 30,2% foi orientado a fazer o teste de HIV.

A situação foi ainda pior no aconselhamento sobre sífilis: somente 24,3% dos infectados foram aconselhados pelos profissionais a realizar o exame. "É preciso que médicos estejam mais atentos. Que façam as orientações corretas para paciente, seja com medidas de tratamento, seja medidas para detecção de outras doenças associadas", completou Mariangela.

Entre o grupo feminino, a situação com relação a diagnóstico e automedicação é melhor. Das que apresentaram sintomas, 11,4% não procuraram tratamento. E entre as que procuraram a maioria (74,7%) buscou o médico. As orientações recebidas pelos profissionais, no entanto, também deixaram a desejar: somente 30,7% foram aconselhadas a fazer o teste de HIV e 22,5% o de sífilis.

O correto seria que o profissional, além de indicar tratamento, orientasse o paciente a usar preservativo, a comunicar seu parceiro sobre a infecção, a fazer teste de HIV e de sífilis. A pesquisa revelou que em nenhum desses itens, seja entre grupo masculino ou feminino, o aconselhamento foi feito a um número maior que 75%. O percentual maior detectado na pesquisa foi sobre a comunicação de parceiros: 70,5% das mulheres foram aconselhadas a comunicar ao parceiro sobre a sua infecção.

Maioria dos casos relatados na Região Norte 
Feito com 8 mil pessoas entre 15 e 64 anos, o estudo mostra que o maior percentual de infecções relatadas ocorreu na Região Norte, onde 24,6% dos homens relataram sintomas da doença. O menor percentual foi na região Centro-Oeste, onde 12,9% dos homens disseram apresentar pelo menos um sintoma de DST. Caso o paciente não receba a medicação adequada, há risco de ele ser novamente infectado. Para Mariangela, esses dados indicam ainda que boa parte da população ainda não reconhece o risco ou não consegue identificar sinais de DST, como corrimento, ardor ao urinar, verrugas, lesões avermelhadas e feridas.

 De Olhos

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