sábado, 11 de agosto de 2012

Evangélicos criam sites para fugir de conteúdos impróprios de outras páginas

RELIGIÃO
Público religioso agora tem as suas redes sociais
Evangélicos criam sites para fugir de conteúdos impróprios de outras páginas
oto: Divulgação

“O foco é propagar os bons princípios”
Júnior Gonçalves, criador da rede social Hizby
Como surgiu a rede?Meu filho havia acabado de nascer, e vi nas redes sociais pessoas postando bobagens, imagens ruins e muita coisa imoral sendo discutida. Pensei: deixaria o meu filho utilizar uma rede social assim? Então, surgiu a ideia de uma rede social limpa, que não permitisse palavrões, por exemplo. Os testes começaram em janeiro, e em julho inauguramos.

Qual é o diferencial?O foco é propagar bons princípios. O site tem uma ferramenta em que, se precisa de oração, é só apertar o botão "Orar por você". Você recebe uma notificação sobre quem orou. E pode compartilhar orações. Temos também áreas para igrejas. Qualquer uma que tenha Cristo como centro é bem-vinda, assim como qualquer pessoa que se sentir bem em fazer parte disso.

A Hizby é focada em qual religião?
Ela é focada nos princípios cristãos, simplesmente. Qualquer igreja que tenha Cristo como o centro, é bem-vinda na nossa rede social. E também qualquer pessoa que se sentir bem em fazer parte, pedir orações, dar e receber conselhos, pode entrar na Hizby.

Como o internauta pode fazer parte?
A rede é aberta ao mundo inteiro. Quem quiser fazer a diferença, é só clicar www.hizby.com e fazer o cadastro, é bem rápido. E você imediatamente já pode trocar informações com muitas pessoas, e fazer um pouco diferente a vida de alguém. Esse é o objetivo.

Como está o comportamento dos usuários?
Temos um mês de funcionamento. As pessoas estão entendendo bem a proposta. Todo mundo está compartilhando as experiências, postando ideias interessantes para motivar as pessoas a praticarem a ética e o respeito na vida. Até agora não tivemos nenhuma pessoa que tentasse burlar isso e fazer uma brincadeira duvidosa.

A Hizby entrou no ar no dia 8 de julho de 2012, com pouco mais de um mês, como está a adesão?
Nós estávamos esperando, no máximo, cinco mil usuários no primeiro mês. E já batemos a casa dos vinte mil. São mais de mil pessoas novas a cada dia. Ela está seguindo um número que nós mesmos não esperávamos. Estamos muito orgulhosos dessa conquista.

Como o criador vê esse resultado tão rápido?
Eu entendo que Deus está na frente do projeto. Foi uma coisa que eu coloquei na mão dele. Eu falei: se for para dar certo, que se abram as portas. Aí vieram muitos investidores e o projeto ganhou força. Está ganhando nome. Eu entendo que é algo que vai contribuir, sim, para transformação do ser humano. Queremos auxiliar nisso.

Elton Lyrio 
emorati@redegazeta.com.br

Fazer amigos, encontrar emprego, arrumar namorado, divulgar bandas, compartilhar fotos. As redes sociais podem ser usadas para quase tudo na internet. E o público religioso não está de fora dessa. Além de estarem nas redes tradicionais, católicos e evangélicos estão criando seus próprios espaços na internet para fazer amigos e compartilhar assuntos que dizem respeito à religião.

A mais nova desse segmento é o Jesusbook, que faz parte do portal Fé em Jesus, lançado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O site congrega o JesusTube (vídeos), Jesusmail (e-mail) e Jesusradio (música on-line). O parlamentar afirma que o projeto não tem qualquer ideal político e diz que o objetivo é criar um "mundo evangélico na rede". "Esse público gosta de ter seu espaço separado, de estar em seu próprio meio, e isso ainda não existia", diz.

Ele explica que todas as ferramentas presentes no site são desenvolvidas no Brasil pela própria equipe do Fé em Jesus. Cunha também disse ter uma meta de distribuir 3 milhões de "jesusmails" até o final do ano e pretende implantar transmissões de cultos e arrecadação de dízimo on-line para as igrejas.

Bons princípiosCoordenadora do portal e pastora da Igreja Sara Nossa Terra, Cynthia Ferreira acrescenta que a ideia é ter um ambiente virtual "livre de ruídos externos como a pornografia".

Cynthia acredita que muitas vezes os sites comuns se tornam impróprios para o público cristão por, segundo ela, não agirem de forma efetiva contra o conteúdo impróprio.

"Os adultos têm filtro, mas uma criança, muitas vezes, pesquisa e acaba encontrando o que não deve nos resultados relacionados. Além disso, há muitos conteúdos ofensivos contra a nossa fé. Nós mesmo estamos estudando processar o postador de um deles no YouTube",revela a pastora.

Se as pessoas vão trocar o Facebook pelo Jesusbook só com o tempo será possível afirmar, mas Cynthia crê que já haja um cansaço do público cristão com o que vê na internet. E acrescenta que há na nova rede ferramentas para interagir com as mais tradicionais. "O Jesusbook não é só para evangélicos. Não é um curral. Nossa ideia é agregar pessoas que queiram os valores cristãos", diz ela. O site terá ainda uma equipe para agir em caso de mau comportamento do usuário.

Outra rede que tem feito sucesso entre o público evangélico é a Hizby, criada por Júnior Gonçalves, de 26 anos, empresário do setor de publicidade de Rondônia. Em pouco mais de um mês de funcionamento, a rede já conta com mais de 20 mil usuários.

A página apresenta uma proposta de interação on-line com mural, fotos, bate-papo, mensagens e um espaço chamado "Igreja", em que os líderes das comunidades podem cadastrar estudos, agenda de eventos, campanhas de oração e informações. Além da opção de "semear", que lembra ao compartilhar, do Facebook. (com informações de Leonardo Soares)


Redes lançadas

Fé em Jesus

É um portal evangélico que, além de notícias e blogs, reúne várias opções como a JesusRadio, em que é possível ouvir até mesmo rádios católicas. Além disso, há o canal de vídeos JesusTube e a rede social JesusBook. O site também oferece o e-mail @jesusmail.com. Endereço: www.feemjesus.com
Hizby
Lançada oficialmente no mês passado, em Porto Velho, Rondônia, a rede social alcançou 3,5 mil membros em três dias. Tem um sistema de bloqueio automático para palavrões, por exemplo. Conta com mural, fotos, bate-papo e ferramentas como "igreja", "orou por mim", "semear" e "testemunhos". Endereço: www.hizby.com

Encontro Jesus

O portal possui uma rede social com direito a aplicativos e espaço para compartilhar imagens, vídeos e outras mídias. Tem como política de uso não aceitar conteúdo que faça apologia a sexo, drogas e ao racismo. Conta com manual de conduta para os usuários. Endereço: www.encontrojesus.com.br

Isay
Fundado em oututro de 2011, o site tem como objetivo congregar pessoas de diferentes igrejas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. A rede é inspirada no Facebook. Endereço: www.isay.com.br

Gente de Fé

Hospedada no portal da comunidade católica Canção Nova, a rede tem como objetivo estreitar os laços de amizade, discussões e debates, especialmente entre pessoas que se identificam com a comunidade. Endereço: www.gentedefe.com
Facecatólico

Inspirado no Facebook e integrado a ele, o Facecatólico oferece a opção de comunidades, fórum, bate-papo, além de espaço para a divulgação de eventos. Endereço: www.facecatolico.net

Namoro Católico

O site é voltado para quem deseja encontrar um(a) namorado(a). A rede tem uma função chamada "par ideal", em que o interessado define algumas perguntas de filtro, e o sistema envia periodicamente perfis que se enquadram nos requisitos procurados. O cadastro é gratuito, mas para usar alguns serviços é preciso pagar uma taxa de adesão de R$ 25,00. Endereço: www.namorocatolico.com.br

Fé & Som

Voltado para bandas e artistas, o site lembra o MySpace. Permite a postagem de músicas e a personalização de espaço para a divulgação dos trabalhos musicais. Quem não é músico pode ter um perfil, como ouvinte, criar playlists e compartilhá-las. Em breve deve ganhar versões
para iPhone e Android. Endereço: www.feesom.com

Católicos: site para bandas e até para encontrar namorado

Além dos evangélicos, os católicos também têm as próprias redes sociais na internet, cada uma com sua finalidade. Uma das que fazem sucesso, especialmente entre as bandas é o site Fé & Som, criado pelo paulista André Norati e pelo Analista de Sistemas paraense Eder Taveira.

Na rede é possível criar o perfil da banda ou artista, subir áudios das próprias músicas e compartilhá-las. Desde 2009 no ar, já são mais de 2.166 artistas cadastrados e quase 4 mil músicas. O Fé & Som tem uma média de 40 mil visitantes únicos por mês."A ideia é democratizar a música cristã e dar a possibilidade de quem não têm recursos se divulgar", conta Taveira.

Ele revelou que o Fé & Som deve chegar aos celulares e tablets com sistemas Apple nas próximas semanas e depois aos com Android. O site também vai ganhar uma versão em espanhol, com a entrada do maestro Luan de Carvalho que mora nos Estados Unidos e ficou conhecido nas paradas de sucesso do início da década de 1990 pela dupla com a cantora Vanessa, com quem é casado.

Por falar em casal, outro site católico também promete uma ajudinha para quem quer encontrar a alma gêmea. É o Namoro Católico, fundado pelos irmãos Julie e Jener de Laureano. "Percebemos que a saída para a nossa sociedade é incentivar a formação de famílias santas", explica Julie.

O site permite encontrar outros usuários por características desejadas. "Não é um site para encontrar amigos. Quem entra quer um esposo ou uma esposa e já com a intenção de formar uma família católica", diz. E la relata que já são cinco casais casados e alguns ainda namorando. Os fundadores também pretendem acompanhar as famílias formadas a partir do site.


A palavra do especialista

Vítor Nunes Rosa, teólogo, professor e especialista em Religião de A GAZETA

Historicamente, o cristianismo sempre usou os recursos disponíveis para a evangelização. O próprio Jesus usava as parábolas; e depois Paulo, as cartas. Hoje, utilizam-se as redes sociais, que são os novos púlpitos. O grande cuidado que os líderes religiosos devem ter
é para que as relações virtuais não substituam as reais. Também corre-se o risco de pensar que a mensagem cristã é superficial, como são as interações nessas redes, e não é. Acredito que essas redes servem para consolidar a identidade, um sentimento de pertença, além de atuarem como um mecanismo de controle social, não no sentido ruim. Por elas, é possível acompanhar as pessoas e até mesmo para os líderes trabalhar em cima do que esses fiéis manifestam na rede, suas dúvidas, inquietações, angústias. O que se manifesta ali pode ganhar os púlpitos reais pelo diagnóstico dos líderes.

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