domingo, 13 de maio de 2012

Perigo. Hormônios estão sendo receitados com a promessa de deixar pacientes mais jovens


Médicos vendem milagre que pode virar risco à saúde

Hormônios estão sendo receitados com a promessa de deixar pacientes mais jovens


Médicos estão receitando hormônios como uma fonte da juventude. A promessa é que essas substâncias ajudariam a manter, mesmo em quem já passou da idade, o corpo e a performance dos tempos de jovem. Essa prática, no entanto, preocupa os endocrinologistas. Eles alegam que os tratamentos podem inclusive se tornar perigosos e que os hormônios são receitadas a pacientes que não precisam deles.

"A função do endocrinologista é repor os hormônios quando estão baixos em qualquer época da vida. O envelhecimento não é necessariamente causado por um déficit hormonal", pontuou a endocrinologista Ruth Clapauch, diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.


RiscosSegundo Ruth, em alguns casos, os pacientes só chegam ao consultório de endocrinologia para tentar reverter as consequências do tratamento de forma errada. "As pessoas só percebem depois de algum tempo, dependendo da dose e do hormônio. Tenho exemplos de pacientes que engordaram até oito quilos por usar substâncias erradas sem necessidade."

Os efeitos colaterais variam de acordo com os hormônios empregados. Em alguns casos, o chamado tratamento antienvelhecimento pode até aumentar a propensão a câncer.

"Se não há deficiência hormonal haverá um excesso que pode ser prejudicial. No caso do hormônio de crescimento, pode até causar câncer de intestino e crescimento das partes moles do corpo", explica.

Segundo ela, o uso dessas substâncias pela chamada medicina antienvelhecimento se dá pelos efeitos que elas causam em quem precisa de reposição hormonal. No entanto, a médica salientou que não há comprovação de que tenham o mesmo poder em qualquer um.

"Quando a pessoa sofre de hipotireoidismo (deficiência de hormônio da tireoide), a pele fica mais seca, as unhas podem cair, assim como o cabelo, mas isso é diferente dos sintomas do envelhecimento", ressaltou.

Sem provas


O presidente da Sociedade de Endocrinologia do Espírito Santo, Albermar Harrigan, também defende que não há provas de que essas práticas funcionem. "São tratamentos empíricos", frisou. Tanto ele quanto Rute Caplauch fazem um alerta: o de que não existe especialidade reconhecida como medicina do envelhecimento.

"Isso é mais uma questão de marketing e não uma especialidade médica. Uma coisa é repor hormônios, outra é administrá-los a um paciente saudável, que não precisa", diz.

"Rejuvenescimento não existe", diz especialistaA melhor receita para driblar o envelhecimento continua sendo manter uma vida saudável. Segundo a endocrinologista Rute Clapauch, os cuidados que podem gerar uma velhice saudável começam ainda na juventude.

"É necessário procurar um médico, fazer exames regularmente, exercícios físicos e ter uma alimentação saudável. Isso ajuda a envelhecer com saúde, mas é impossível parar de envelhecer", diz.

Já o presidente da Sociedade de Endocrinologia do Espírito Santo, Albermar Harrigan, acrescenta que é importante saber lidar com a velhice. "Não existe rejuvenescimento. A vida é um processo natural, e mais cedo ou mais tarde todos vamos passar por isso. É ilusão prometer que uma pessoa de 60 anos terá a aparência de 40", argumentou.

Para quem já chegou à terceira idade, a dica é ocupar a mente e fazer algo produtivo. "Não dá para querer passar o dia em um banco de praça olhando o movimento. É preciso fazer algo de útil, exercitar a mente", apontou Albermar Harrigan.

Reposição deve ser feita de forma criteriosa
A diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Rute Clapauch, alerta que tratamentos de reposição hormonal só devem ser feitos por um endocrinologista e de forma criteriosa. "O hormônio quando necessário, é ótimo", disse.

Segundo ela, embora algumas deficiências hormonais aconteçam em consequência da idade, não é regra que, com o envelhecimento, se necessite de mais hormônios.

"A deficiência do hormônio da tireoide, por exemplo, tem seu pico após os 50 anos. Ela atinge 10% das mulheres, mas isso não significa que eu deva tratar toda mulher com a reposição de hormônios da tireoide", salientou a endocrinologista.

Outro sinal são as chamadas "ondas de calor", comuns no período da menopausa, que podem indicar a necessidade de reposição hormonal.

"O ideal é procurar um endocrinologista quando sentir algo diferente com o organismo. Para cada deficiência hormonal há um quadro diferente. Quem sabe de hormônio é o profissional", frisou.

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