domingo, 22 de janeiro de 2012

Pastora Ana Lúcia: Uma crente doida por Jesus


Pastora Ana Lúcia: Uma crente doida por Jesus

Um culto diferente, realizado pela pastora carioca Ana Lúcia Miranda de Andrade, 42 anos, virou febre na internet. Com uma voz forte, de diva, e músicas que misturam vários ritmos e lembram o balanço do samba-rock, a pastora estourou depois que um de seus cultos na Igreja Pentecostal do Evangelho Pleno foi parar no Youtube e teve mais de 300 mil acessos.


foto: Gustavo Stephan

Igreja da diversidade
Com um estilo próprio de cantar e músicas que misturam soul, funk, rock e samba, a pastora
Ana Lúcia transforma seus cultos em festas.

"Essa mistura de ritmos é resultado do meu gosto musical, de todos os estilos que ouvia antes de me converter." Ana Lúcia Miranda de Andrade, pastora da Igreja Pentecostal do Evangelho Pleno

Vigília com Pastora Ana Lúcia
Local:
Igreja Vida Abundante, na Rua Ministro Salgado Filho, 158, Glória, Vila Velha (antigo Cine teatro Garoto)
Data: Sexta-feira, dia 27
Horário: A partir das 22h
Informações: 3349-1482 ou www.igrejavidaabundante.com.br
Com o sucesso na internet, ela também foi chamada para apresentar sua música mais famosa - "Diabo larga o que é meu" -, no programa "Esquenta" da Regina Casé, na TV Globo. "Ela viu o vídeo e ficou impressionada com a minha força e me convidou para ir ao programa. Agora, estou me preparando para outra apresentação no ?Esquenta?", diz, feliz, a religiosa.

E foi na atração da TV Globo que ela revelou ser muito criticada até entre os próprios evangélicos. "Dizem que eu sou uma crente doida. Mas eu falei: sou doida mesmo, doida por Jesus. Sou doida por esse som que em aquece."

Na próxima sexta-feira, a pastora Ana Lúcia estará em Vila Velha para uma vigília na Igreja Vida Abundante. Essa rotina de apresentações por igrejas em todo o Brasil, no entanto, não a distancia de sua própria igreja, em Belford Roxo, periferia do Rio, onde os cultos são realizados três vezes por semana.

Diversidade

Lá, numa pequena e modesta igreja - que funciona em um espaço alugado, no primeiro andar da casa da pastora -, Ana Lúcia reúne, a cada culto, cerca de 150 fiéis. "Vem gente de todos os lugares. Só não vem mais porque não cabe. Há quem assista ao culto na calçada", revela.

A explicação, segundo a pastora, vem da tolerância. "Minha igreja é igreja de ex. Aqui tem de tudo: ex-traficante, ex-viciado, ex-homossexual, ex-macumbeiro, ex-adúltero... Trabalho para unir as pessoas e não para separá-las. Aconselho meus fiéis a não abrirem mão de seus entes queridos, seja qual for o problema", explica.

Outro atrativo é o estilo da Ana Lúcia. "O culto não deve ser só de pregação. As pessoas também vão para a igreja para se divertir, extravasar", afirma.

Balanço
As músicas que animam os cultos da pastora em nada se parecem com os tradicionais hinos. Misturam ritmos como samba, funk, samba, pagode e rock. Nas letras, temas comuns aos fiéis, como infidelidade, envolvimento com drogas e dificuldades financeiras.

Na música "Diabo larga o que é meu", a religiosa canta com fervor: "Meu marido é infiel, mas é meu/ Meu filho é funkeiro, mas é meu". "Prego com uma linguagem simples e faço letras que falam de problemas comuns. Amo meu filho, que Deus me deu. Tenho que aceitá-lo como ele é."

O que a pastora ana lúcia fala sobre

Liderança Feminina:
Enfrento resistência por ser mulher e negra, até mesmo de outros pastores, mas isso não me para, pois minha missão é bem maior que o preconceito.

Diversidade: É com tolerância e respeito que aceito pessoas com diferentes problemas na minha igreja. Não olho a roupa que a pessoa veste nem critico seu estilo de vida, só os problemas que tem.

Drogas: É um problema difícil, mas sou respeitada pelos traficantes do bairro. Já converti muitos viciados e traficantes. Alguns, quando foi preciso, acolhi na minha casa.

Conversão: Frequentava a umbanda e a Igreja Católica. Eu me converti quando meu filho teve leucemia, aos 2 anos. Nessa época, a dor me levou ao Evangelho. Pedi pela vida dele e fui atendida. Depois disso, comecei a acreditar e a frequentar a igreja evangélica.

Resistência: No início, minha mãe disse que eu estava louca. Meu pai também não aceitava, e meu marido me abandonou. Criei meu filho sozinha, com muita dificuldade. Hoje, meus pais também fazem parte da igreja e entendem que Deus mudou minha história.

Sonho: Minha banda, formada por ex-pagodeiros convertidos, já tem algumas músicas, mas gravar um CD ainda é um sonho um pouco distante por falta de dinheiro.

Música: Sempre gostei de cantar e era incentivada pela minha família, que tem vários músicos. No início, quando me converti, mais pregava que cantava, mas percebi que meu estilo atraía os fiéis. Hoje, o ponto alto do culto acontece quando começo a cantar.


Rosana Figueiredo
A Gazeta




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