Pastora Ana Lúcia: Uma crente doida por Jesus
Um culto diferente, realizado pela pastora carioca Ana Lúcia Miranda de Andrade, 42 anos, virou febre na internet. Com uma voz forte, de diva, e músicas que misturam vários ritmos e lembram o balanço do samba-rock, a pastora estourou depois que um de seus cultos na Igreja Pentecostal do Evangelho Pleno foi parar no Youtube e teve mais de 300 mil acessos.
E foi na atração da TV Globo que ela revelou ser muito criticada até entre os próprios evangélicos. "Dizem que eu sou uma crente doida. Mas eu falei: sou doida mesmo, doida por Jesus. Sou doida por esse som que em aquece."
Na próxima sexta-feira, a pastora Ana Lúcia estará em Vila Velha para uma vigília na Igreja Vida Abundante. Essa rotina de apresentações por igrejas em todo o Brasil, no entanto, não a distancia de sua própria igreja, em Belford Roxo, periferia do Rio, onde os cultos são realizados três vezes por semana.
Diversidade
A explicação, segundo a pastora, vem da tolerância. "Minha igreja é igreja de ex. Aqui tem de tudo: ex-traficante, ex-viciado, ex-homossexual, ex-macumbeiro, ex-adúltero... Trabalho para unir as pessoas e não para separá-las. Aconselho meus fiéis a não abrirem mão de seus entes queridos, seja qual for o problema", explica.
Outro atrativo é o estilo da Ana Lúcia. "O culto não deve ser só de pregação. As pessoas também vão para a igreja para se divertir, extravasar", afirma.
BalançoAs músicas que animam os cultos da pastora em nada se parecem com os tradicionais hinos. Misturam ritmos como samba, funk, samba, pagode e rock. Nas letras, temas comuns aos fiéis, como infidelidade, envolvimento com drogas e dificuldades financeiras.
Na música "Diabo larga o que é meu", a religiosa canta com fervor: "Meu marido é infiel, mas é meu/ Meu filho é funkeiro, mas é meu". "Prego com uma linguagem simples e faço letras que falam de problemas comuns. Amo meu filho, que Deus me deu. Tenho que aceitá-lo como ele é."
O que a pastora ana lúcia fala sobre
Liderança Feminina: Enfrento resistência por ser mulher e negra, até mesmo de outros pastores, mas isso não me para, pois minha missão é bem maior que o preconceito.
Diversidade: É com tolerância e respeito que aceito pessoas com diferentes problemas na minha igreja. Não olho a roupa que a pessoa veste nem critico seu estilo de vida, só os problemas que tem.
Drogas: É um problema difícil, mas sou respeitada pelos traficantes do bairro. Já converti muitos viciados e traficantes. Alguns, quando foi preciso, acolhi na minha casa.
Conversão: Frequentava a umbanda e a Igreja Católica. Eu me converti quando meu filho teve leucemia, aos 2 anos. Nessa época, a dor me levou ao Evangelho. Pedi pela vida dele e fui atendida. Depois disso, comecei a acreditar e a frequentar a igreja evangélica.
Resistência: No início, minha mãe disse que eu estava louca. Meu pai também não aceitava, e meu marido me abandonou. Criei meu filho sozinha, com muita dificuldade. Hoje, meus pais também fazem parte da igreja e entendem que Deus mudou minha história.
Sonho: Minha banda, formada por ex-pagodeiros convertidos, já tem algumas músicas, mas gravar um CD ainda é um sonho um pouco distante por falta de dinheiro.
Música: Sempre gostei de cantar e era incentivada pela minha família, que tem vários músicos. No início, quando me converti, mais pregava que cantava, mas percebi que meu estilo atraía os fiéis. Hoje, o ponto alto do culto acontece quando começo a cantar.
Rosana Figueiredo
A Gazeta
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