domingo, 29 de janeiro de 2012

Bronzeadores. Saiba como médicos encaram o uso


Saiba como médicos encaram o uso de bronzeadores
Os mais branquinhos, como os americanos e os alemães, têm medo, diz um ambulante
Ambulantes vendem grande variedade de bronzeadores em Ipanema Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - Semana passada, quando o verão finalmente começou a dar as caras na cidade, o trânsito de ambulantes que comercializam toda a sorte de bronzeadores ficou mais intenso. Na altura do Posto 5, na Praia de Copacabana, onde foi feita a foto acima, não era difícil ver vários deles oferecendo óleos de beterraba, café, cenoura e urucum e até o clássico Rayito de Sol. Isso em plena quinta-feira. Embora esse tipo de produto com baixo ou zero fator de proteção solar (FPS) seja tachado como "perigoso" pelos dermatologistas, muitos banhistas ainda se lambuzam, com a justificativa da eterna busca pela cor do verão.De FPS 2 a 15, todos os bronzeadores modernos têm um número estampado no rótulo. Inclusive o Rayito, que agora apresenta versões da pomada à base de urucum com fator de proteção 8.

Isso é marketing, para confundir os usuários. Ou você se protege ou se bronzeia. Óleos vendidos sem controle na praia normalmente têm pigmentos que deixam a pele avermelhada, além de causar espinhas afirma o dermatologista David Azulay, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio.

Mas nem só de ingredientes de origem duvidosa são feitos os bronzeadores. Marcas famosas como Lancôme, Dior, Biotherm e Nivea têm cosméticos bronzeadores cada vez mais turbinados. Em seu primeiro verão, a Sol de Janeiro botou na praça um óleo de açaí, em spray, que promete hidratar e proteger enquanto ativa o processo de bronzeamento (FPS 8). Há também produtos cremosos, como o Golden Plus Loção Bronzeadora Canela (FPS 5), do Boticário, e até à base de parafina, como a Parafina Bronze (FPS 3), da Arpoador Cosméticos. Preferida das rainhas de bateria Viviane Araújo e Ellen Roche, a Parafina Bronze, por sinal, é recordista de vendas nas farmácias da Zona Sul, segundo dados da marca. Tudo com devido aval da Anvisa.

Fatores de proteção dois, cinco ou oito estão longe de serem ideais, mas é melhor do que não usar nada analisa a dermatologista Sara Bragança. A solução para quem deseja manter o bronzeado saudável é usar cremes autobronzeadores após um dia de sol regado, no mínimo, a filtro solar com FPS 15.

Embora campanhas de prevenção do câncer de pele e envelhecimento precoce tenham entrado na rotina do carioca há décadas, muitos ainda vivem dias de sol como se não houvesse amanhã. Para o ambulante Geraldo Sergio Soares, de 50 anos e 15 de praia, os cariocas têm queda por bronzeadores em forma de travesseirinho de 23ml (R$ 2) e pelo antigo Tan Tom (R$ 10), ambos de FPS 2.

Quem compra Rayito de Sol são os turistas argentinos ou italianos. Os mais branquinhos, como os americanos e os alemães, têm medo das almofadinhas e só usam Sundown conta Geraldo.

O aviso de que os sachês de beterraba têm baixa proteção contra queimadura solar não desanima a produtora cultural Carmem Grasso, de 48 anos, loura e de pele clara:

Uso há décadas, e nunca sofri queimadura.

Mais consciente, um ambulante que não quis se identificar ("Não tenho tempo para conversar muito, senão perco dinheiro") se recusou a vender uma almofadinha de urucum para a repórter e a fotógrafa:

Vocês são muito brancas. Se passarem esse óleo vão parar no hospital com queimaduras de segundo grau. Ele é para quem tem a pele morena ou negra.

A dermatologista Sara Bragança proíbe todo tipo de óleos bronzeadores para seus pacientes.

O bronzeador frita a pele adverte.


29/01/2012 | O Globo

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