quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Médicos contam como vão tratar a obesidade sem anfetamínicos

Médicos contam como vão tratar a obesidade sem anfetamínicos
A venda dos remédios para emagrecer à base de anfepramona, femproporex e mazindol está proibida desde o dia 09


foto: Fábio Vicentini NA

Laerte Damaceno: mercado negro vai vender
Desde o último dia 09, está proibida no Brasil a venda dos remédios para emagrecer à base de anfepramona, femproporex e mazindol, os chamados anfetamínicos, conforme decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada em outubro no Diário Oficial da União.

A Anvisa decidiu retirar os medicamentos do mercado em função do risco à saúde dos pacientes. Eles podem causar problemas cardíacos e alterações no sistema nervoso central. A farmácia ou drogaria que descumprir a norma pode sofrer penalidade que vai da advertência à interdição do estabelecimento.

O banimento desses inibidores de apetite provocou críticas da sociedade médica e dividiu opiniões entre os consumidores. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), os anfetamínicos auxiliam no controle da obesidade e, sem eles, as possibilidades de tratamento ficam reduzidas para quem precisa perder peso.

De acordo com o endocrinologista Larte Damaceno, essa decisão foi feita por quem não conhece a droga e não tem experiência no tratamento de obesidade. "Claro que há abusos, mas isso não vai evitar. O mercado negro vai continuar vendendo. Até porque a maioria dos anorexígenos já era vendida na ilegalidade e não com receita médica", afirma.

No caso da sibutramina, o uso continua liberado com restrições. Os pacientes e médicos terão de assinar um termo de responsabilidade, que deverá ser apresentado junto com a receita médica na hora da compra do medicamento. Os médicos são obrigados a notificar à Anvisa casos de reação adversa e os laboratórios têm que apresentar um plano com orientações sobre como lidar com pacientes com efeitos colaterais graves.

Para Damaceno, esse formulário é um burocracia desnecessária e a sibutramina não é o medicamento ideal para tratar a obesidade. "Ela não tem efeito em todo mundo. Algumas pessoas podem perder peso e manter a longo prazo, somente se mudarem o estilo de vida, mas a sibutramina é pouco eficaz em pacientes com obesidades mais acentuadas".
foto: Edson Chagas


Receita da sibutramina

A receita médica vale por 30 dias. Desde o ano passado, é obrigatória a venda da sibutramina com a apresentação da receita de cor azul (numerada) e as embalagens de tarja preta. A Anvisa decidiu manter o uso do remédio no país, pois há comprovações científicas de que a sibutramina contribui para a perda de pelo menos 2 quilos de massa corporal em um prazo de quatro semanas. O tratamento com sibutramina é indicado para pessoas obesas que tenham Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 30 e não sofram de problemas cardíacos, com prazo máximo de dois anos.

Cuidado
"Hipertensos não podem usar a sibutramina e nem pessoas com risco cardiovascular. Nesses casos, depois da mudança do estilo de vida, se precisar de medicação, receito o Orlistat", diz o endocrinologista Sérgio Nascif.
O endocrinologista Sérgio Nascif destaca que essa droga está há mais de 10 anos no mercado. Ela é útil, mas é menos potente do que as anfetaminas. "É mais importante usar a sibutramina após a mudança do hábito de vida. Sem fazer exercícios e controlar a alimentação, ela não vai ajudar", avalia.

Com menos opções para o tratamento da obesidade, Nascif está enfatizando ainda mais a mudança de estilo de vida aos pacientes. Ele acredita que se a Anvisa tivesse o mesmo rigor da sibutramina para com os anfetamínicos, seria melhor do que proibi-los.

Além disso, o endocrinologista está receitando o medicamento Orlistat, que diminui em 30% a absorção de gorduras, mas que também só vai ajudar se a pessoa iniciou a mudança do estilo de vida. "É indicado para quem usar a sibutramina e ainda não conseguiu emagrecer. O Orlistat não inibe a fome, nem dá saciedade. Essa medicação ajuda a ter evacuações diárias, pois a sibutramina tem um tendência a causar constipação intestinal".

Novas medicações

Segundo Nascif, existem outras medicações sendo estudas fora do Brasil para a obesidade, mas em 2012 provavelmente elas não estarão disponíveis no mercado. "Pode ser que uma medicação utilizada para diabetes seja indicada para obesidade. Porém nenhuma dessas drogas é de grande potência", acredita.

Antidepressivos

O médico Laerte Damaceno é contra o uso de antidepressivos somente para emagrecer. " O medicamento está aprovado para depressão e não foi estudado como emagrecer. Eu acho pior do que prescrever a sibutramina que é estudada para obesidade", declara.

Para o endocrinologista Sérgio Nascif, os antidepressivos contribuem para a perda de peso quando a pessoa tem um distúrbio alimentar, como a compulsão por alimentos.


LAILA MAGESK - A Gazeta


(Com informações da Agência Brasil)

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