segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aids: aumenta o número de jovens homossexuais infectados


Aids: aumenta o número de jovens homossexuais infectados
Perda do temor da morte eleva incidência, avalia especialista


SÃO PAULO - O distanciamento de uma realidade em que soropositivos morriam quase sem assistência, até meados dos anos 1990, e o desconhecimento sobre os cruéis efeitos colaterais do tratamento hoje disponível podem explicar o aumento do número de pessoas infectadas com Aids, especialmente entre jovens homossexuais. O diretor do Instituto Emílio Ribas, o infectologista David Uip, acredita que a nova geração banaliza a doença porque acredita que ela não mata.

- A geração atual não viu o que aconteceu até o meio dos anos 1990, então banalizou a doença. Tem gente que acha que existe prevenção pós infecção. Mesmo os que adquirem acreditam que não vão morrer. Claro que há um tratamento, e as pessoas vivem com qualidade, mas os efeitos são adversos - diz Uip, que há cerca de 30 anos trata de pacientes com a doença.


Para ele, a incidência aumentou entre gays ou heterossexuais pelo mesmo motivo: as pessoas acreditam que viverão normalmente com a doença, o que é um mito.

Embora soropositivos hoje vivam mais, o médico lista problemas decorrentes da infecção e do tratamento. Segundo ele, os pacientes sofrem síndromes metabólicas, de atrofia e hipertrofia, perdendo massa muscular e gordura nas extremidades e ganhando na barriga e pescoço. São ainda vítimas de aumento do colesterol e triglicerídeos e criam resistência à insulina. Para piorar o quadro de quem vive à base do coquetel, Uip lembra que os pacientes são mais vulneráveis a doenças cerebrovasculares e coronarianas e podem ter infarto ou derrame cerebral com idade inferior à média.

- O tratamento também provoca atrofia nas articulações, o que tem aumentado a colocação de prótese coxofemoral entre os pacientes - diz ele, lembrando que no Instituto Emília Ribas o registro é de um diagnóstico positivo a cada três dias.

Lembrando já ter perdido amigos, pacientes e familiares, o médico lamenta a comemoração da redução do número de mortes.

- Foram mais de 7 mil infecções em 2010 e mais de 34 milhões de jovens entre 15 e 24 anos morreram em todo o mundo. Não temos o que comemorar.

O Globo

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