domingo, 8 de maio de 2011

Saiba como será operação de resgate dos corpos das vítimas do voo 447

Saiba como será operação de resgate dos corpos das vítimas do voo 447
Chefe de equipe que localizou restos de avião foi entrevistado.
Profundidade exige trabalho delicado, feito por robôs.


O mistério está chegando ao fim. No caminho entre o Brasil e a França, um avião desapareceu e, quase dois anos depois, a façanha de encontrá-lo no fundo do Oceano Atlântico foi realizada. Mas, para desvendar essa história, tão dolorosa para brasileiros e franceses, foi necessária a participação de americanos.

Para Mike Purcell, a sensação é de dever cumprido. Ele foi o chefe da missão que localizou o que restou do avião da Air France. Purcell recebeu o Fantástico na cidade de Cape Cod, nos Estados Unidos, onde são produzidos os submarinos-robôs que participaram das buscas.

Mike lembra que dois submarinos revezavam, em turnos de 12 horas cada, o trabalho de mapear a região com uma espécie de sonda. Ela emitia vibrações sonoras que poderiam indicar a presença de algum destroço. Um terceiro submarino-robô registrava as imagens. Ele é conhecido como Maryanne e encontrou o que todos esperavam.

Mas foi por pouco que uma tempestade não estragou a felicidade da equipe. Ondas violentas quase levaram o submarino, a única prova real de onde estavam os destroços.

Mike conta que um submarino-robô desses pode ficar 20 horas embaixo d'água e percorrer até 6 mil metros de profundidade. No mundo todo, existem apenas seis modelos cada um, avaliado em US$ 12 milhões.

Mas o que torna esse submarino tão especial? Mike conta que ele é programado como um computador. Sua rota é definida por técnicos antes de sua descida. Por isso, sabe muito bem o caminho a seguir.

A tarefa do grupo de Mike foi bem-sucedida, mas o trabalho das autoridades francesas continua. Durante a semana, eles encontraram a segunda caixa-preta do avião da Air France. Nela, estão os registros dos últimos 120 minutos de conversa dos pilotos dentro da cabine. A primeira, com informações técnicas do voo 447, foi encontrada na última semana.

Depois das caixas-pretas, vem o imenso trabalho de içar para a superfície os corpos das vítimas do acidente. E aí, tudo se complica bem mais. Nunca foi divulgado quantos ainda estão lá, mas se sabe que são, pelo menos, algumas dezenas. Esse é um trabalho muito delicado – e delicadeza é algo que um robô não tem.

A operação começa em alto-mar, sobre o ponto onde se encontram os destroços. O navio francês lança nas águas o robô Remora 6000 – um modelo com braços mecânicos e uma espécie de cesta presa a ele. O robô desce a quase 4 mil metros de profundidade, onde os corpos estão. A região é chamada Cordilheira Meso-Oceânica ou Meso-Atlântica. Se fosse possível ver o fundo, sem toda a água, o desenho seria como o de uma cadeia de montanhas irregulares, um ponto de acesso muito difícil.

No local, a temperatura da água é de, no máximo, 2ºC. A concentração de oxigênio é muito baixa. Os microorganismos que fazem a decomposição não conseguem sobreviver em um ambiente assim. Por isso, mesmo quase dois anos depois, os corpos estão relativamente bem conservados. Por outro lado, a pressão é 400 vezes maior que a da superfície, o que complica manter os corpos intactos durante o retorno.

Começa então, o complicado processo de resgate. Com a ajuda dos braços mecânicos, o corpo é colocado na cesta. Em seguida, percorre os quatro quilômetros de volta à superfície, até o navio. Ao chegar, o corpo vai para uma câmera fria.

A decisão de retirar esses corpos é delicada também por um outro motivo. É o retorno da dor causada pela morte dessas pessoas e cada família sente isso de uma maneira diferente.

“Sinceramente, eu, como mãe, não gostaria que minha filha fosse encontrada. Eu gostaria que ela e o marido dela estivessem lá no lugar onde eles estão, felizes, abraçadinhos”, diz Márcia Pires Costa.

Nelson Marinho perdeu o filho Marcelo. Ele lidera a associação de vítimas do acidente. Para eles, retirar os corpos do fundo do mar é o desejo da maioria. “Nós estamos recebendo de maneira que conforta as famílias pelo fato de podermos finalizar a vida”.

Do G1, com informações do Fantástico

Veja o site do Fantástico

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