Uma pesquisa feita no Brasil revelou que quase 75% das crianças e adolescentes que tomam remédio para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não têm o diagnóstico correto da doença. Entre as que, de fato, apresentam o transtorno, só 13% fazem tratamento.
O diretor do Instituto Glia, Marco Antônio Arruda, que coordenou a pesquisa, explica que o excesso tem acontecido entre crianças de classes mais altas, como solução para problemas ligados à dificuldade de aprendizagem. "Já entre as classes mais baixas, a situação é contrária. O poder público é ineficiente em diagnosticar e tratar a saúde mental infantil", explica.
O estudo foi realizado com quase seis mil crianças e adolescentes, em 16 estados, e contou com a participação de pesquisadores da USP, da Unicamp e do Albert Einstein College of Medicine, nos Estados Unidos. "A pesquisa mostra que há muitos médicos prescrevendo o remédio, mas que não conhecem bem o problema", alerta Arruda.
Sintomas variados
A neuropediatra Simone Domingues explica que alguns dos sintomas do TDAH podem levar a um diagnóstico errado. "Dificuldade de aprendizagem ou mesmo falta de atenção na escola podem estar ligados a ansiedade, falta de sono, problemas familiares, baixo nível intelectual. Ou seja, outras questões que não tem nada a ver com o transtorno, mas podem ser confundidas".
Para um diagnóstico correto, neurologistas ou psiquiatras infantis devem fazer a avaliação, diz a neurologista Giselle Alves de Oliveira. "Cerca de 45% das crianças com TDAH têm distúrbio de aprendizagem, na escrita, na leitura, na matemática ou em outra área. Por isso, só um profissional pode identificar o que é uma coisa e o que é outra".
Priscilla Thompson - A GAZETA
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