terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Hot Flowers. Maior fabricante de produtos eróticos fatura R$ 24 milhões ao ano

Em 2003, Edvaldo viajou para São Paulo para comprar sua primeira prótese peniana. Acompanhado de um amigo e munido de óculos escuros para disfarçar a timidez, entrou num sex shop na rua Amaral Gurgel, no centro da capital paulista. Ficou chocado com o que viu. Além de algemas, roupas de couro e consolos, a loja tinha pequenas salas usadas pelos homens para se masturbar. Quando saiu de lá com a encomenda em mãos, ficou com vergonha de andar no metrô com a sacola das compras. Oito anos depois, Edvaldo vive cercado de mais de 50 tipos de próteses penianas de todas as formas, cores e tamanhos. Engana-se quem pensa que ele seja um viciado em sexo. Aos 44 anos, Edvaldo Bertipaglia é fundador e dono da Hot Flowers, a maior fabricante de produtos eróticos e sensuais da América Latina.

Localizada em Indaiatuba, pacata cidade de 200 mil habitantes no interior de São Paulo, a Hot Flowers tem em seu portfólio mais de 700 tipos diferentes de produtos eróticos e sensuais. Eles variam de uma Hot Ball, pequena bola de gelatina recheada com um gel que ajuda a apimentar a relação, até bombas para aumento do pênis - passando por vibradores, lingeries, filmes pornográficos e cosméticos. Com mais de 200 funcionários, a empresa faturou R$ 24 milhões e teve lucro de mais de R$ 3 milhões em 2010. Mais de 60% da receita vem dos cosméticos, cujo carro chefe são as Hot Balls. Cerca de quatro mil bolinhas são fabricadas a cada hora, número que vai quadruplicar nos próximos meses, quando a empresa receberá uma nova máquina trazida do exterior

Quem vê os números da Hot Flowers não acredita que a empresa surgiu por acaso. Nascido em Tupi Paulista, a 663 quilômetros de São Paulo, Bertipaglia é filho de lavradores. Quando tinha sete anos, migrou para Indaiatuba com os pais, que buscavam novas oportunidades. Um ano depois foi obrigado a largar a escola e trabalhar para ajudar a pagar as contas da casa. O primeiro emprego foi num bar e depois trabalhou como mecânico de automóveis. Quando vendeu a oficina, surgiu a chance de virar sócio dos irmãos numa distribuidora de produtos de limpeza que tinha como principais clientes os motéis da região. Responsável pela parte comercial, Bertipaglia começou a prestar atenção nos cremes e acessórios que encontrava nos quartos. "Foi quando vislumbrei uma oportunidade", afirma.

Ao lado de sabonete líquido, água sanitária e papel para enxugar as mãos, Bertipaglia passou a carregar na sua pasta produtos eróticos e sensuais para oferecer aos motéis. A princípio, vendia apenas cosméticos, como gels e estimulantes. Logo decidiu acrescentar lingeries e acessórios. Apesar de não ter experiência no mercado, decidiu produziu seu primeiro vibrador numa empresa que fabricava bonecas. O resultado foi desanimador: feito de um plástico duro e oco, ele não caiu no gosto dos clientes. "Quando procurei casas de sex shop para oferecer minha linha de produtos eles me diziam que eu estava 20 anos atrasado, que os novos modelos eram muito mais modernos”, diz Bertipa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário