segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vitória de Dilma repercute na imprensa internacional

Imprensa internacional repercute vitória de Dilma no Brasil

As edições online dos principais jornais do mundo repercutem nesta noite a vitória da primeira presidente que o Brasil já teve. Um dos primeiros a noticiar a vitória da candidata petista, o espanhol El País, destacou que o presidente Lula "sempre deixou claro que a vitória de sua candidata era uma vitória dele próprio".

Um dos mais importantes jornais do mundo, o New York Times destacou que a "ex-guerrilheir" Dilma foi vitoriosa após a promessa de "seguir com as políticas que tiraram milhões da pobreza" e tornaram o Brasil "uma das mais quentes economias do mundo".

O Wall Street Journal, bússola do mercado financeiro, publicou que a vitória da petista foi "selada pela ampla prosperidade econômica" e pela popularidade de seu "predecessor e mentor", Luiz Inácio Lula da Silva. Também classifica Dilma como uma "burocrata" relativamente desconhecida.

O argentino La Nación escreveu em sua edição online que a petista "arrasou com 55,05%" dos votos. O italiano La Reppublica afirmou que a "pupila" do presidente Lula se elegeu dentro de sondagens que "sempre deram no mínimo 10% de margem".

Entre os periódicos franceses, o Le Monde não esconde sua simpatia e coloca a candidata petista como uma "sobrevivente de um câncer" e herdeira política do presidente "mais popular" da história do Brasil. O Le Figaro, mais crítico, destaca no título que a campanha foi "deletéria" (degradante), dizendo que o país está há "fogo e sangue" após a disputa.

O jornal britânico The Guardian destaca a história de Dilma como "ex-rebelde marxista" e a negativa do partido verde em apoiar a candidata do governo, o que lhe daria uma maioria "instantânea". O português Diário de Notícias destaca na capa a altíssima abstenção destas eleições. "Apesar do voto ser obrigatório no Brasil, a abstenção ronda os 21%." O também português Correio da Manhã destacou que "mesmo antes do resultado oficial, Dilma já falava como presidente e disse que irá governar para todos os brasileiros".

Búlgaros tiram "casquinha" de vitória

A edição internacional da agência de notícias novinite.com dá amplo destaque para a descendência búlgara da candidata vitoriosa. A agência da Bulgária lembra do pai da ex-ministra da Casa Civil, Petar Rusev, que mudou seu nome para "Pedro Rousseff", que fugiu da Bulgária para a França em 1929 e depois para a América Latina durante a 2a Guerra Mundial, em 1944.

Em uma nota separada, destaca ainda Momchil Indzhov, o "primeiro búlgaro" a entrevistar Dilma Rousseff, "autor de duas das três entrevistas" publicadas na bulgária com a petista. O site ainda promete uma "empolgante" cobertura da vitória da primeira presidente mulher do Brasil na edição do Sofia Morning News nesta segunda-feira.


Primos búlgaros de Dilma Rousseff cruzaram os dedos
Toshka Kovacheva, mulher do primo de Dilma Rousseff, segura jornal com a foto da candidata em Gabrovo, Bulgária

GABROVO, Bulgária — Os primos búlgaros de Dilma Rousseff, candidata de esquerda à presidência do Brasil, falam com orgulho da parente distante e torcem por sua vitória no segundo turno no dia 31 de outubro, bem como os habitantes da cidade natal de seu pai, Gabrovo.

"Os méritos são dela, não de seus parentes. Admiro sua constância e sua coragem", contou a prima alemã Tsanka Kamenova, 67 anos, pesquisadora do Instituto de Metais de Sofia.

Toshka Kovatcheva, 72 anos, esposa do primo alemão Tsvetan Kovatchev que faleceu recentemente, representa, junto de sua filha, o que resta da família Rousseff em Gabrovo, a cidade natal de Petar Roussev, que migrou em 1929.

"Levei um susto quando escutei na televisão, em 2003, o nome de Dilma Rousseff, ministra de Minas e Energia, durante a visita do presidente búlgaro Gueorgui Parvanov ao Brasil", relembrou.

Elas se disseram felizes e comovidas por descobrir uma parente com carreira tão vertiginosa.

Como a população de Gabrovo, cidade com 60 mil habitantes no sopé das cordilheiras dos Bálcãs, elas esperam que a Presidente do Dilma Roussef venha à Bulgária.

A imprensa búlgara, normalmente indiferente à política da América Latina, publicou fotos de Dilma nas primeiras páginas e enviou correspondentes especiais para o Brasil. Tsanka Kamenova, no entanto, acha um pouco exagerado a ênfase colocada nas origens búlgaras da candidata.

Dilma declarou para o jornal 24 Tchassa "se sentir um pouco búlgara"  e que tinha  "carinho e amor" pelo país de seu pai, morto em 1962. Além disso, disse planejar visitar a Bulgária em breve.

Petar Roussev inicialmente migrou para a França, depois para a Argentina e, por fim, se instalou no Brasil com o nome de Pedro Rousseff. A família que ficou para trás, incluindo sua esposa grávida, acreditava que ele havia morrido.

Em 1948, ele escreveu para sua mãe, Tsana, anunciando seu sucesso como empreiteiro e sua nova família no Brasil, onde teve três filhos, incluindo Dilma Vana, contaram as primas.

Petar entrou também em contato com o filho do primeiro casamento, Luben, já morto, contou Toshka Kovatcheva. "Sei que seu filho, engenheiro civil, queria ir para o Brasil, mas, com o antigo regime comunista na Bulgária, não foi possível", disse.

Os habitantes de Gabrovo, que enviaram uma mensagem de apoio para a favorita nas eleições brasileiras, cheia de canto e dança folclóricas, lhe aguardam. "Ela deve trazer empresários brasileiros: podemos aprender muito com eles sobre gestão de crise econômica", brincou Jan Gueorguiev, um aposentado.

A população da cidade é conhecida por sua avareza. O símbolo humorístico da região é um gato com cauda cortada: isso lhe permitiria passar mais rápido de um cômodo para o outro sem deixar que o calor escapasse no inverno. Segundo uma outra anedota, em Gabrovo, dança-se sem sapatos para não fazer barulho e aproveitar a música da cidade vizinha.

"Esse espírito 'pão duro' dos habitantes de Gabrovo é notório, mas ajuda com que eles sejam empreendedores e bem-sucedidos", explicou o prefeito, Nikolaï Sirakov.

A cidade, que organiza um carnaval cheio de humor todas as primaveras, pode tornar-se agora "parceira do famoso carnaval do Rio, o que permitiria que os dois eventos crescessem mutuamente", completou o prefeito com um sorriso.

De Vessela SERGUEVA (AFP)

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