quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Virgínia executa primeira mulher em quase cem anos, em caso polêmico

O Estado americano de Virgínia executará nesta quinta-feira Teresa Lewis, 41, condenada por auxiliar na morte de seu marido e enteado. Lewis será a primeira mulher executada em quase cem anos, em um caso que atraiu apelos da União Europeia e uma comparação do Irã com a iraniana Sakineh Ashtiani.

Lewis, que teria graves problemas de aprendizado, deve receber a injeção letal às 21h (em Brasília) no Centro de Correção Greensville, em Jarratt. Ela foi acusada de contratar assassinos de aluguel, aos quais ofereceu sexo, dinheiro e uma parte do seguro de vida, para matar os dois, em outubro de 2002.

Mesmo diante dos apelos internacionais contra a pena de morte, nem o governador Bob McDonnell, nem a Corte Suprema dos EUA quiseram intervir por Lewis. Seu advogado, pago pelo Estado, alegou que ela não tinha a inteligência necessária para organizar os assassinatos e que foi manipulada pelos assassinos, que seriam seus amantes.

Os defensores de Lewis dizem que ela é uma mulher mudada e que mesmo suas colegas de prisão dizem que ela é uma inspiração por sua fé e música gospel que canta no Centro de Correção para Mulheres Fluvanna.

Em uma carta a McDonnell, a UE pediu ao governador que alterasse sua sentença para prisão perpétua, citando a deficiência mental de Lewis, o que seria contrário aos padrões mínimos de direitos humanos.

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, também apelou para o caso de Lewis, mas para rebater as duras críticas recebidas pelo caso da iraniana Ashtiani, condenada ao apedrejamento por adultério e participação no assassinato de seu marido. Ele denunciou um padrão duplo diante do "silêncio da mídia" sobre o caso de Lewis, que considera similar.

Lewis encontrou Rodney Fuller e Matthew Shallenberger em uma loja da rede de supermercados Wal-Mart, em Pittsylvania. Ela ofereceu sexo e dinheiro por armas que entregou aos assassinos contratados para matar seu marido, Julian Clifton Lewis Jr, e seu filho, Julian Lewis, que tinha um seguro de vido de US$ 250 mil em nome do pai.

Na noite anterior ao Halloween, em 2002, Shallenberger e Fuller entraram na casa e mataram os dois homens a tiros. Quando Julian ainda estava sangrando, deitado no chão, Lewis pegou a carteira do bolso de sua calça, tirou US$ 300 e deu aos assassinos.

Os advogados de Lewis alegam que Shallenberger admitiu ser o autor do crime e que enganou Lewis para conseguir parte do seguro de vida. Shallenberger cometeu suicídio na prisão, em 2006. Ele e Fuller foram sentenciados à prisão perpétua.

A execução de Lewis seria a primeira de uma mulher em Virgínia, segundo Estado americano com mais execuções, desde 1912. Texas foi o último Estado a matar uma condenada, em 2005.

Das mais de 1.200 pessoas condenadas à pena de morte desde 1976, quando a Suprema Corte dos EUA retomou a punição, apenas 11 eram mulheres.

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